De Maurício Mellone em janeiro 31, 2013
O talento de Tulipa Ruiz vem de seu DNA: a cantora paulistana é filha Luiz Chagas, guitarrista da banda Isca de Polícia, que acompanhava Itamar Assumpção na década de 80. Mas ela com seu segundo álbum Tudo Tanto prova que tem o que dizer e consolida-se como uma das grandes revelações da nova safra de cantoras brasileiras.
Meu amigo Imad Nasser, aficionado por literatura, música e artes em geral, enviou-me uma resenha deliciosa sobre este novo trabalho de Tulipa, que tenho a honra de publicar abaixo, aproveitando a apresentação da cantora nesta sexta, dia 1º de fevereiro, no Cine Joia, a partir das 22 h, no centro da capital paulista.
Boa leitura e vou aguardar sua opinião tanto sobre a cantora e seu CD como da resenha do meu amigo.
Tulipa Ruiz, grande talento da nova geração
Depois do bem-sucedido disco de estreia, Efêmera, de 2010, a cantora e compositora paulista Tulipa Ruiz lançou no ano passado, por selo independente, o CD Tudo Tanto, que conserva e aprimora as virtudes do anterior. Esse novo e belo trabalho, que pode ser baixado gratuitamente no site da artista (www.tuliparuiz.com), lhe rendeu o prêmio de melhor álbum do ano pela APCA- Associação Paulista de Críticos de Arte. A revista Rolling Stone considerou o álbum um dos 10 melhores do ano passado.
Já foi dito que a voz de Tulipa lembra a de Gal Costa e que seu estilo se parece com o de Tetê Espíndola, no inicio da carreira. Apesar de eventuais semelhanças, a artista dispõe de identidade e carisma próprios, além de um sofisticado repertório que se espraia em suas canções, o que lhe tem valido uma excepcional fortuna crítica e o reconhecimento do público.
Tulipa define sua música como pop florestal, pelas influências que ela diz ter recebido dos Estados de Minas Gerais e São Paulo, onde morou. Suas composições se comunicam inteligentemente com as pessoas, tratando de temas comuns a todos, como angústia, ansiedade, encontros e desencontros amorosos. Tanto que uma das canções se chama Expectativa:
“Na expectativa de que o inesquecível aconteça/
Na confança de que o imprevisível permaneça/
Talvez com sorte algo invisível apareça/
Na expectativa de que o inesquecível aconteça.”
Na faixa Dois Cafés, há a participação especial de Lulu Santos, com vocais e guitarra. O encontro dos dois artistas se mostrou bastante frutífero e o resultado certamente agrada a quem ouve.
Uma música que também se destaca é Víbora, espécie de blues, marcadamente sombrio, do qual participa o rapper Criolo, tanto na letra como em sussurros. Outra bela parceria; confira os versos finais da canção:
“Metade homem, metade omisso/
Uma parte morta, outra parte lixo/
Não sou moura torta, macabea, poliana, franciscana/
Nada pra você./E você é um equívoco/
Tanto é produzido por Gustavo Ruiz — irmão da cantora —, 11 canções, com duração aproximada de 45 minutos, que se ouve com muito prazer, porque traz composições intensas sem ser pesadas, repletas de frases inesquecíveis, que revelam uma artista madura e apaixonada pela palavra. Com esse trabalho, Tulipa Ruiz se destaca e se confirma como uma das cantoras brasileiras mais interessantes e completas da nova geração.
E o público poderá conferir seu desempenho no palco dia 01/02, sexta-feira, no Cine Joia- Praça Carlos Gomes, 82, Liberdade, tel: 3231-3705.
Imad Nasser
Acompanhe a seguir um aperitivo deste novo trabalho da Tulipa Ruiz:
Fotos: divulgação
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