De Maurício Mellone em março 6, 2018
Na 90ª edição da entrega do Oscar — premiação da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas/EUA —, realizada no último dia 04 de março, o diretor mexicano Guillermo del Toro foi o grande vencedor; das 13 indicações, seu filme, A Forma da Água, recebeu quatro estatuetas, a de melhor filme, melhor diretor, melhor direção de arte e a de melhor trilha sonora para Alexandre Desplat.
A trama é uma fábula romântica, em que a faxineira Elisa, interpretada por Sally Hawkins, é muda e trabalha num centro secreto de pesquisas espaciais, que dentre seus trabalhos há o estudo com um homem anfíbio chamado Forma, vivido por Doug Jones. Mesmo sendo tratado como um monstro pelos responsáveis do laboratório, o homem peixe logo de cara se afeiçoa com a faxineira, que fará de tudo para mantê-lo vivo.
A história se passa na década de 1960, período auge da Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética. Além dos cientistas, o frustrado oficial do governo norte-americano, Richard Strickland, interpretado por Michael Shannon, se incumbe na estranha criatura vinda dos rios amazônicos. Richard, de forma truculenta, quer descobrir os mistérios que envolvem o anfíbio, que o agride decepando dois dedos de sua mão. No entanto, Elisa, talvez por se sentir rejeitada devido a sua deficiência, é a única que consegue interagir com o homem peixe. Em pouco tempo, os dois rompem as barreiras físicas e estabelecem uma afetuosa relação.
Ao saber de um plano arquitetado por militares, com a cumplicidade de Richard, que visa destruir o anfíbio, Elisa com a ajuda de Zelda (Octavia Spenser ), sua companheira de trabalho, e de seu vizinho e amigo Giles (Richard Jenkins), armam um verdadeiro complô para salvar o Forma. Tanto o resgate como a tentativa de transportá-lo para um canal que o levará para o mar transformam a trama num verdadeiro filme de ação e suspense.
Tendo como pano de fundo as disputas entre russos e americanos, esta fábula romântica de del Toro agradou aos membros da Academia também por tocar em temas atuais e progressistas, como a inclusão social a deficientes, negros (Zelda) e gays (Giles) e a própria mulher, já que a faxineira é que lidera a ação e enfrenta os poderosos. Com uma rica e minuciosa reconstituição de época, o filme se destaca também pelo tom lírico e mágico, tanto no prólogo como nos sonhos de Elisa e, principalmente, nas cenas finais. Vale muito a pena conferir!
Fotos: divulgação
4 Comentários
Nanete Neves
março 7, 2018 @ 16:00
Também gostei muito, embarquei total nessa fábula. E você reparou na sutil mudança das cores conforme a relação entre eles se aprofunda? O visual me lembrou muito “Amelie Poulin”, talvez como uma homenagem. Adorei o teu comentário.
Maurício Mellone
março 8, 2018 @ 14:33
Nanete, querida:
não percebi a sutil mudança de cores, mas sua
observação tem todo o sentido!
Obrigado pelo incentivo e sua presença constante por aqui!
Bjs, minha amiga!
Nanete Neves
março 8, 2018 @ 17:01
Lembra: no começo, tudo é verde, meio árido. A partir da metade as coisas gradualmente vão ganhando tons de vermelho. Achei sutil e lindo!
Maurício Mellone
março 9, 2018 @ 14:29
Nanete,
belíssima observação!
A fábula fica ainda mais encantadora com esta
sua sacada das cores (o filme ganhou direção de arte, tb!)
Bjs