De Maurício Mellone em março 5, 2018
Até o dia 7 de abril o CCBB-SP é palco da primeira retrospectiva no Brasil do artista norte-americano Jean-Michel Basquiat. Com curadoria de Pieter Tjabbes, a mostra reúne mais de 80 obras do artista, todas do acervo do colecionador israelense Jose Mugrabi.
Do quarto andar até o subsolo do prédio, o visitante tem a chance de conhecer a pequena, porém intensa carreira artística de Basquiat, que faleceu aos 27 anos de overdose em 1988. Dividida por períodos, a exposição faz um grande perfil do artista, que começou a carreira pichando muros de Nova York, sua terra natal, e logo ganhou as galerias da metrópole norte-americana e em seguida de todo o mundo. Basquiat, em parceria com Andy Warhol, produziu mais de 100 quadros — três deles estão na mostra.
Ao chegar o visitante é convidado a começar a imersão na carreira de Basquiat pelo quarto andar, onde estão reunidas as obras do período de 1980 a 1982. São quadros da iniciação do artista, que revelam os ecos da rua e os primeiros passos do hip-hop e o forte elo entre os trabalhos dele e o som e as letras do início do rap. Ele usava spray em seus trabalhos neste período, mas nunca se considerou um grafiteiro.
“O negro é o protagonista da maioria das minhas pinturas.” – Jean-Michel Basquiat
Esta frase define tanto o artista como sua produção. No terceiro andar estão as obras de 1982 a 1983, que trazem colagens de palavras, imagens e objetos, que fazem dele “um dos principais expoentes da cultura de remixagem”, de acordo com o curador. São obras imersas na cultura pop e que trouxeram à tona a negritude.
No segundo andar, antes de entrar na sala, o visitante tem acesso à linha do tempo do artista, com informações desde seu nascimento em 1960, os primeiros trabalhos em que assinava SAMO (same old shit/mesma merda de sempre), a formação de sua banda Gray, sua primeira coletiva, as primeiras mostras individuais nos EUA e depois pelo mundo, sua parceria com Andy Warhol e sua morte precoce em 1988, aos 27 anos. A sala deste andar traz obras de 1984 a 1988, classificadas pela curadoria como mais profundas e espiritualizadas, mas também que reforçam a relação com sons e ritmos da rua, repetição de letras, palavras e logotipos de propagandas. Há também três telas da parceria de Basquiat e Warhol, que criaram mais de 100 quadros neste período
No primeiro andar há uma sala dedicada aos trabalhos de serigrafia do artista. Há ainda um espaço sensorial com exibição de um vídeo em que pessoas cantam rap sobre a vida de Basquiat; em outra sala é exibido o filme Downtown/1981, com participação dele. O térreo traz a instalação Homenagem a Jean-Michel Basquiat, com trabalhos de 12 artistas brasileiros que buscaram na obra dele inspiração para as suas; destaque para três telas interativas de OSGEMEOS, Rimon Guimarães e Alex Hornest, em que o visitante toca em pranchas táteis impressas em relevo e a imagem aparece em telões (uma cocriação público e artista, bem interessante!)
No subsolo há quadros que destacam o desenho, elemento fundamental de Basquiat. Segundo o curador, o traço é veloz e instintivo e os temas variam de referências eruditas e históricas, anatomia, ciência, personagens de desenho animado e heróis negros, principalmente esportistas e músicos.
A exposição estará aberta aos paulistanos até abril e no decorrer do ano as unidades do CCBB do Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília também receberão esta retrospectiva de Basquiat.
“Jean-Michel Basquiat morreu tragicamente, aos 27 anos, de overdose de drogas, mas sua obra continua no centro das atenções do mercado, dos artistas e dos museus que têm organizado exposições importantes”, arremata Pieter Tjabbes.
Roteiro:
Jean-Michel Basquiat. Primeira retrospectiva do artista no país. Curadoria: Peter Tjabbes. CCBB-SP, Rua Álvares Penteado, 112, tel. 11 3133-3651. Horários: de quarta a segunda, das 9h às 21h. Ingressos: gratuitos. Temporada: até 7 de abril.
Fotos: divulgação
2 Comentários
Soraia Nunes
março 14, 2018 @ 17:27
Que delicia ler a sua resenha !!! Agora me sinto ainda mais municiada para apreciar a exposição de Basquiat. Lendo seu texto eu me senti como já estivesse explorando todos os cantos da exposição. Parabéns adorei a sua exposição do trabalho do nosso querido artista que nos deixou tão precocemente.
Maurício Mellone
março 14, 2018 @ 17:34
Soraia,
q delícia receber seu retorno
(eu ainda estava no CCBB quando vc já queria
saber sobre a mostra do Basquiat!)
Em resenhas sobre artes plásticas (não é minha especialidade),
procuro me colocar como um visitante comum da mostra. Por isso que
vc disse q se sentiu como “estivesse explorando os cantos da exposição”.
Consegui atingir meu objetivo!
Fico muito feliz!
Não deixe de ir conferir ‘in loco’: Basquiat ao vivo vai te deixar ainda
mais encantada com a obra e as propostas estéticas dele!
Bjs, volte sempre!