A Paixão segundo BG

De em setembro 20, 2010

Beth Goulart na pele da escritora Clarice Lispector

O público paulistano tem novamente a chance de conferir a magnífica performance da atriz Beth Goulart com a peça Simplesmente Eu, Clarice Lispector. Dessa vez o espetáculo está em cartaz no Teatro Renaissance.
Beth Goulart vive um grande momento de sua carreira. Nesse espetáculo, a atriz não só tem a responsabilidade de dar vida à escritora e a alguns de seus personagens, como assina a direção e adaptação dos textos de Clarice Lispector. Seu envolvimento no projeto já foi reconhecido: ela ganhou o Prêmio Shell/RJ de melhor atriz.
O leitor de Clarice é o grande agraciado com a montagem: com gestos sutis e o modo peculiar de falar — os erres bem carregados de sua origem ucraniana ou por ter a língua presa—, Beth é a encarnação da escritora, ao mesmo tempo em que intercala alguns personagens de obras como Perto do Coração Selvagem, Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres e dos contos Amor e Perdoando Deus.
Num tom intimista e criando uma cumplicidade com o público, Beth concebeu o espetáculo para mostrar como Clarice e sua escrita são indissolúveis, daí a autora e seus personagens dialogarem sobre vida, morte, Deus, solidão, criação, maternidade, amor e outros tantos temas tão reveladores da alma humana.
Impossível não se emocionar com tamanha beleza. Em diversos momentos não consegui — e nem quis — conter as lágrimas. Destaco como ponto crucial da montagem a cena em que Clarice Lispector concede uma entrevista coletiva; ao ser indagada se teria algo a mais a escrever, ela, de forma ríspida, responde com uma pergunta: é possível parar de beber água? O que revela o âmago da escritora: escrever para ela é uma questão de sobrevivência.

“Por que será que a gente luta tanto para produzir uma obra de arte? Acho que é para sobreviver”
“Não sou eu quem escrevo, são meus livros que me escrevem.”
“Você que me lê, que me ajude a nascer.”

Na concepção do espetáculo, Beth contou com a supervisão de Amir Haddad, cenário de Ronald Teixeira e Leobruno Gama e iluminação de Maneco Quinderé.


4 Comentários

Adriano

setembro 22, 2010 @ 19:02

Resposta

Perfeito…o texto… muito bem escrito…e sincero…
Li o livro A hora da estrela…e até hoje fico refletindo sobre minhas ações…tenho medo de me tornar mais uma Macabéa…

Beijos…com carinho…continue sempre com seu favo…Mellone

Adriano

Maurício Mellone

setembro 23, 2010 @ 13:55

Resposta

Adriano:
Clarice Lispector desperta sempre muita paixão e
admiração! Se puder conferir a performance de Beth Goulart,
vc vai se arrepiar tamanho talento e sensibilidade!
Bjs e obrigado pelo incentivo
Maurício

Rico

setembro 21, 2010 @ 21:01

Resposta

Putz, preciso ver essa também! Pelo que vc conta vou me emocionar muito já que qdo apaga luz eu sempre me entrego ao que estou assistindo! Valeu a ótima dica!
🙂

Maurício Mellone

setembro 22, 2010 @ 14:29

Resposta

Rico:
Se vc puder ir, não perca. A Beth está numa fase linda da carreira e é um projeto
que ela se dedicou muito!
bjs

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