Ainda somos os mesmos: filme sobre os anos de chumbo vividos na AL

De em outubro 2, 2024

Edson Celulari vive um empresário que luta pela libertação de brasileiros no Chile, em 1973

 

 

As ditaduras militares instauradas na América Latina durante as décadas de 1960 e 1970 já foram muito exploradas pela literatura, TV, teatro e pelo cinema. O roteirista e diretor gaúcho Paulo Nascimento, no entanto, acaba de lançar o filme Ainda somos os mesmos, em que faz um recorte e baseia sua trama num fato real ocorrido em 1973, logo após o golpe de estado no Chile, em que os militares, liderados pelo general Augusto Pinochet, derrubaram o governo eleito democraticamente de Salvador Allende.

Para se livrar do massacre sangrento que ocorria em Santiago, capital chilena, estrangeiros tinham como única rota de fuga as embaixadas. Diversos brasileiros se refugiaram na embaixada da Argentina e passaram por momentos de violência e tensão. O filme retrata este período de asilo político vivido pelos brasileiros até seu desfecho. Elenco formado por Edson Celulari, Lucas Zaffari, Gabrielle Fleck, Carol Castro, Nicola Siri e Néstor Guzzini.

 

 

Lucas (Lucas Zaffari) se refuiou na embaixada 

 

 

 

O filme começa com um letreiro em que há um resumo sobre a queda de Allende e a ascensão dos militares ao poder em 1973, após o golpe. As primeiras cenas são de três anos antes quando o jovem universitário Gabriel, papel de Lucas Zaffari, discute com Fernando, seu pai, interpretado por Edson Celulari, um capitalista que fazia negócios com os militares brasileiros, que também haviam dado golpe em 1964. Mesmo discordando das posições e atitudes do filho, Fernando consegue com que ele saia do Brasil e viaje para o Chile para encontrar com sua namorada Helena, vivida por Gabrielle Fleck.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Carol Castro é Clara, vítima de abusos da ditadur

Há um corte temporal e a trama já se passa em Santiago, com os militares promovendo massacres indiscriminados. Gabriel e Helena tentam chegar à embaixada argentina, mas são parados por uma blitz: eles são separados e o rapaz é levado para um local de fuzilamento.

No entanto, ele consegue se safar e chega à embaixada da Argentina, que se tornou verdadeiro reduto de estrangeiros, com milhares de refugiados de diversas nacionalidades. Gabriel se junta aos brasileiros, que incluía Clara, interpretada por Carol Castro, economista que por ter visto o assassinato do marido está com problemas mentais.

 

 

 

 

 

 

 

Nicola Siri, Carol e Lucas: atuações emocionantes

Paralelamente aos momentos de tensão vividos dentro da embaixada — com discussões internas entre os brasileiros e tentativas de negociação com os militares—, Fernando articula com o governo do Brasil para que a ONU emita um salvo-conduto aos brasileiros e assim eles possam deixar o Chile. O embaixador argentino, papel de Néstor Guzzini, foi fundamental nesta tarefa.

Destaque para a atuação de Lucas Zaffari, que imprime o amadurecimento de seu personagem, assim como de Edson Celulari, que vive um pai que transita de um apoiador da ditadura brasileira para um homem que defende os direitos humanos. Carol Castro tem uma atuação emocionante, da mesma forma como Nicola Siri.

 

 

 

 

 

 

O diretor Paulo Nascimento, além de contar sobre o asilo de brasileiros na embaixada argentina em Santiago, em 1973, espera que seu filme seja uma defesa da democracia e um repúdio a todo tipo de ditadura. Tanto que ao final usa imagens da invasão às sedes dos três poderes constituintes do Brasil em janeiro de 2023 por vândalos que, no fundo, almejavam um golpe de estado. Felizmente tentativa frustrada, graças à firmeza das instituições brasileiras.

 

 

 

 

 

 

Fotos: divulgação


2 Comentários

Nanete Neves

outubro 2, 2024 @ 18:28

Resposta

Nossa, depois dessa tua resenha, preciso ver esse filme o mais rápido possível. Faz parte da nossa memória que não deve jamais ser esquecida. Espero que fique em exibição por muito tempo e em todo o Brasil.

Maurício Mellone

outubro 3, 2024 @ 14:40

Resposta

Nanete:
Sim, memória q não pode ser esquecida.
Com a extrema direita tentando minimizar
os horrores da ditadura militar, é preciso
mesmo que sempre haja filmes, peças, livros
e qualquer outra manifestação para repudiar
o autoritarismo e a violência cometida durante
os chamados anos de chumbo. Democracia, por mais
defeitos que possa ter, é ainda o regime a ser defendido
sempre!
Beijos, obrigado por sua presença constante no FAVO.

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