De Maurício Mellone em setembro 21, 2017
Além de Como nossos pais que faturou 6 Kikitos, o filme de estreia de Fabio Meira, As duas Irenes, também saiu do 45º Festival de Cinema de Gramado, ocorrido em agosto último, com vários prêmios: ator coadjuvante para Marco Ricca, roteiro para Fabio Meira e direção de arte para Fernanda Carlucci, além de ter sido escolhido pelo júri da crítica como o melhor filme do festival.
Contando com as atrizes estreantes Priscila Bittencourt e Isabela Torres, a trama é desenvolvida a partir do olhar de uma adolescente de 13 anos. Irene (Priscila) é a filha do meio de Tonico (Ricca) e Mirinha (Susana Ribeiro) e sente-se preterida, já que a irmã mais velha está prestes a participar do baile de debutantes e a caçula só recebe mimos de todos. Deslocada em casa, Irene vive retraída e num de seus passeios à cidade vizinha descobre que Tonico tem outra família e, pior, que sua meia irmã não só também tem 13 anos como se chama Irene (Isabela). Ela resolve investigar e se torna grande amiga da irmã-xará.
Sem uma referência específica de época (pode ser no final dos anos 1960 ou na década de 1970), a história acontece numa cidadezinha do interior do país. Tonico viaja com seu caminhão fazendo entregas, o que facilita a vida dupla que leva; com Mirinha, a esposa oficial, mantém uma estrutura de classe média mais abastada. Já com Neuza, interpretada por Inês Peixoto, a situação é bem menos favorecida, a mulher sustenta a casa com suas costuras e vive à espera do amante e pai de sua filha. Depois de desvendar o mistério de Tonico, Irene procura Neuza com a desculpa de que precisa de um vestido para o baile da irmã e se apresenta como Madalena, nome da empregada de sua família, vivida por Teuda Bara. No dia de tirar suas medidas, Irene é apresentada à xará e a partir de então as duas passam a se ver diariamente. Se Irene de Mirinha é retraída e seu corpo está em formação, a filha de Neuza é desenvolta, alegre e com as formas e a libido da puberdade. O entrosamento entre elas é rico e dinâmico. Os passeios de bicicleta das meninas, o banho na cachoeira e as sessões de cinema onde acontecem os primeiros namoricos fortalecem a relação das duas Irenes.
O roteiro, também assinado por Meira, toca em questões sérias como a dificuldade de se conviver com o machismo nas pequenas cidades, a possibilidade de se manter duas famílias que moram tão perto e a manutenção da hipocrisia nas relações familiares. Mas como a trama é conduzida por uma garota de apenas 13 anos, as situações são apresentadas, mas não discutidas em profundidade. O desfecho da narrativa é surpreendente. Destaque para a interpretação das duas atrizes estreantes, a composição de Teuda Bara para a amável empregada (que tem verdadeiro carinho de mãe por Irene) e a atuação de Marco Ricca, que dá vida a um personagem cheio de mistérios e nuances muito bem defendidos pelo ator. Não perca. Fique com a interpretação de Cascatinha e Inhana para canção Índia, que tem função relevante na trama.
Fotos: divulgação
2 Comentários
Dinah Sales de Oliveira
setembro 21, 2017 @ 19:06
Ah, que vontade de ver esse também! Li a crítica no Cad2 há uns dias…
Vou conferir e depois trocamos figurinhas.
bj,
Dinah
Maurício Mellone
setembro 21, 2017 @ 19:09
Dinah,
tomara q vc vá logo e possa voltar aqui
deixar suas impressões sobre o filme de estreia
do Fabio Meira.
Obrigado pela visita (vc foi rápida!)
Bjs