As Flores do Bem: livro de Sidarta Ribeiro discorre sobre a maconha

De em janeiro 3, 2024

Obra do neurocientista Sidarta Ribeiro, lançado pela Editora Fósforo

 

 

Biólogo e neurocientista da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Sidarta Ribeiro lançou pela Editora Fósforo no segundo semestre de 2023 uma obra essencial para a discussão sobre a maconha, As Flores do Bem – A ciência e a história da libertação da maconha. A escritora Juliana Borges, na orelha do livro, afirma que o autor consegue levantar todos os aspectos relacionados à Cannabis, desde o histórico, as propriedades medicinais e os estudos da ciência sobre a planta até os preconceitos e a política proibicionista contra ela.

 

“Partindo de sua experiência para reflexões políticas coletivas, o autor nos convida a superar amarras preconceituosas sobre a planta e nos faz mergulhar em um mundo cheio de informações, desmistificando equívocos — muitos deles frutos de uma  política de construção e manutenção de privilégios e hierarquias sociorraciais”, argumenta Juliana  Borges.

 

 

 

 

Sidarta Ribeiro também é pesquisador do CEE Fiocruz

 

Sidarta Ribeiro nasceu em Brasília em 1971 e, além de professor da UFRN, é membro do grupo de pesquisa de saúde mental do Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz (CEE). Na introdução do livro ele afirma que deseja fazer uma desconstrução da maconha:

 

 

 

 

 

“Esta desconstrução começa por uma apresentação do uso terapêutico da Cannabis e de seus mecanismos biológicos, passa pela história da planta e da perseguição implacável que ela sofreu e alcança as consequências econômicas, sociais e políticas da paulatina legalização da maconha. Este percurso é atravessado por uma reflexão autobiográfica sobre o papel da Cannabis na construção de uma vida melhor, tanto para si quanto para os outros”.

 

 

 

Em 15 capítulos, com uma linguagem clara, objetiva e com farta referência sobre estudos sobre a Cannabis, o autor relembra o uso da planta na história da humanidade, desde o emprego de cânhamo na confecção de roupas até o uso de unguentos a base de maconha pelos curandeiros e parteiras. O autor salienta os vários tipos de flores de maconha e afirma que, mesmo sofrendo uma perseguição mundial — as indústrias têxtil e a farmacêutica lideram o boicote —, a Cannabis e suas moléculas constituintes, as canabinoides, são hoje utilizadas para o tratamento de moléstias:

 

 

“Doenças e transtornos tão diversos quanto epilepsia, espasmos, dores neurológicas, autismo, câncer, depressão, ansiedade e doenças de Alzheimer, Parkinson e Crohn são hoje tratados com a Cannabis. Felizmente a perseguição à maconha está deixando de ser aceita no século 21. A maconha hoje é uma commodity com receita global estimada entre 20 e 50 bilhões de dólares, com previsão de crescimento entre 92 e 197 bilhões de dólares até 2028”, argumenta o neurocientista.

 

 

 

 

 

 

Chama a atenção na obra os exemplos, principalmente de crianças, que graças ao uso medicinal da Cannabis vêm apresentando melhoras em seus quadros clínicos. Sidarta faz um histórico da luta contra a proibição da maconha no pais:

 

 

 

 

 

“É evidente, a despeito das dificuldades, que o alinhamento  (estratégico ou apenas tático) dos interesses legítimos de pacientes e familiares, cultivadores, cientistas e empresários está dando o ippon na proibição da maconha terapêutica no Brasil. A maconha está para a medicina do século 21 como os antibióticos estiveram para a medicina do século 20”, afirma Sidarta Ribeiro.

 

 

 

 

 

Como cientista, o autor não faz apologia da Cannabis e faz questão de lembrar que tudo em excesso pode fazer mal. E como toda droga, a Cannabis tem seus grupos de risco: gestantes e lactantes, crianças e adolescentes, pessoas com propensão genética à psicose e pessoas com depressão. No entanto, a erva é indicada principalmente aos adultos e idosos e, além das prescrições medicinais, ela pode contribuir para a qualidade de vida pelo uso recreativo. O autor ao analisar a Cannabis desfaz mitos e tabus, como o de que a maconha mata neurônios ou que a erva é a porta de entrada para drogas pesadas. Ele apresenta dados científicos que apontam a verdade sobre a planta, além de trazer argumentos plausíveis sobre o erro do combate à maconha. Por isto que As Flores do Bem pode contribuir para a discussão sobre a descriminalização da maconha — há no Supremo Tribunal Federal (STF) um recurso sobre a descriminalização do porte de drogas para uso pessoal e a votação está em aberto, apenas cinco votos foram computados. Termino a resenha como a iniciei, citando as palavras de Juliana  Borges:

“Este é um livro-chamado à reflexão e à ação que nos permite repensar todo o simbolismo antiquado em torno da maconha. É uma leitura essencial para compreender melhor os desafios e as oportunidades dessa planta milenar e contribuir para um debate informado e progressista sobre essa questão crucial em nossa sociedade”, conclui a escritora.

 

 

 

 

 

Ficha técnica:
Título: As Flores do Bem
Autor: Sidarta Ribeiro
Editora: Fósforo, 184 pgs
Preço: R$ 59,90

 

 

 

 

Fotos: divulgação

 


6 Comentários

Eni Maria de Oliveira

janeiro 4, 2024 @ 19:52

Resposta

Obrigad pelas dicas.

Maurício Mellone

janeiro 5, 2024 @ 15:05

Resposta

Eni,
boa sorte, tomara q o óleo possa te ajudar
Beijos

Adriana

janeiro 4, 2024 @ 00:59

Resposta

Muito didática sua resenha. É muito positiva sobre o conteúdo esclarecedor do livro.

Maurício Mellone

janeiro 4, 2024 @ 15:19

Resposta

Adriana,
tema polêmico tratado pelo neurocientista do RN, a maconha.
Procurei fundamentar os argumentos da resenha nos conceitos
defendidos pelo autor. Minha torcida é para que o STF
vote o quanto antes o recurso sobre a descriminalização
do porte pessal de drogas e, como diz a escritora na orelha do livro,
que a obra do Sidarta Ribeiro contribua para o debate progressista
sobre este tema crucial para a sociedade brasileira neste século XXI.
Obrigado pela constate participação no Favo,
Feliz 2024!

Eni Maria de Oliveira

janeiro 3, 2024 @ 16:58

Resposta

Muito interessante! Sofro com a depressão há mais de 20 anos. Já tomei inúmeros remédios, todos com efeitos colaterais. Na da resolve. E vem a turma do: ” você está assim porque só consegue ver o lado negativo da vida”, a turma do “pensamento positivo”, como se, sofrer dessa “doença ” fosse opção de vida, e nem a consideram doença, já começa por aí.

Maurício Mellone

janeiro 4, 2024 @ 15:28

Resposta

Eni,
depressão é um dos grandes males da vida contemporânea.
Considere a possibilidade de se tratar com o óleo a base de CBD.
Há associações de familiares de pacientes em vários Estados, que são
relacionadas no final do livro. Em São Paulo procure a Cultive,
Sociedade Brasileira de Estudos da Cannnabis, Acube ou Curapro.
Boa sorte e melhoras.
Um abraço

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