De Maurício Mellone em junho 9, 2016
Depois de uma bem-sucedida temporada no SESC Consolação, acaba de reestrear As Ondas ou uma autópsia, no Viga Espaço Cênico, espetáculo de Gabriel Miziara baseado no romance As Ondas, de Virginia Woolf, em homenagem aos 75 anos de morte da escritora britânica.
Além de atuar, Gabriel é o responsável pela concepção, pela dramaturgia e pelos cenários da montagem que recria o universo do livro:
“Em As Ondas, a autora descreve a vida de seis amigos, desde a infância até a fase adulta, e como cada um lida com a vida que passa, com os problemas, amores, filhos e com a morte. Este é o recorte que busquei: falar da morte e avançar contra ela com meu cavalo. Esta a autópsia que proponho, a busca que começa ao se abrir um corpo que nos é tão familiar em busca de nós mesmos”, explica Gabriel Miziara.
Considerada uma das mais importantes escritoras de língua inglesa, Virgina Woolf é autora de grandes romances (como Orlando, Mrs Dalloway, Rumo ao Farol), além de contos, biografias e críticas literárias. Sua obra reflete sua tumultuada e depressiva vida pessoal, tanto que aos 59 anos numa crise de depressão ela se suicida no rio Ouse, perto de sua casa em Londres.E justamente o romance As Ondas, que é a base do espetáculo, retrata o enigma da morte e as angústias pessoais e profissionais da escritora. Como se percebe, uma obra densa, reflexiva e repleta das indagações interiores de seus personagens. O projeto de Miziara de adaptação deste romance para o teatro, sem dúvida, é ousado, principalmente pelo fato dele estar só em cena e interpretar o triste e denso universo psicológico dos seis personagens (Bernard, Susan, Neville, Louis, Rhoda e Jinny). A montagem cria um impacto grande no espectador, graças à iluminação, à trilha sonora que remete aos sons do mar e ao cenário: no centro do espaço o ator totalmente nu é cercado por água, que também cai como uma chuva. O único elemento cênico é uma mesa de autópsia, que o ator movimenta e usa como suporte para sua interpretação.
“A peça é um corpo aberto, uma anatomia poética mapeada, que busca a expressão mais fiel da dimensão íntima destas personagens em suas experiências com a morte”, diz o ator.
Espetáculo instigante, impossível sair indiferente do teatro. Destaque para a interpretação visceral de Miziara, a iluminação de Aline Santini, a trilha de Rafael Zenorini e GustavoVellutini e o belo vestido de Fause Haten, que o ator sabe muito bem manipulá-lo durante a encenação.
Fotos: João Caldas Fº
2 Comentários
José Eduardo Pereira Lima
junho 10, 2016 @ 17:34
Deve ser realmente instigante. Me lembrou o livro que li dela, “Os anos, que veio depois de “As ondas”, e trata basicamente do mesmo tema. Pretendo ver
Maurício Mellone
junho 10, 2016 @ 18:12
Zedu,
não deixe de assistir, vc vai gostar.
Que bom recebê-lo por aqui, estava com saudades!
Bjs e obrigado pela visita