De Maurício Mellone em março 27, 2023
Impossível não se emocionar com a delicada história de amizade entre dois garotos de 13 anos, Léo e Rémi, interpretados por Eden Dambrine e Gustav De Waele, do filme Close, dirigido por Lukas Dhont, em cartaz no Cinema da Fundação.
Representante da Bélgica na categoria filme estrangeiro do Oscar 2023 e vencedor do Grande Prêmio do Júri no último festival de Cannes, Close se destaca pela direção sensível, que prioriza os olhares, os gestos, os risos e os movimentos em detrimento dos diálogos para contar o cotidiano de Léo e Rémi, vizinhos (moram em fazendas próximas) e que iniciam o ano letivo na escola da cidade. Eles têm uma vida muito alegre, são próximos e cúmplices e esta aproximação não é entendida pelos novos colegas da escola, o que irá provocar o afastamento deles e uma trágica separação.
O roteiro, assinado pelo diretor e por Angelo Tjssens, retrata, no início, como os dois garotos, nas férias, vivem livremente, brincando nos campos floridos do interior da Bélgica. A cumplicidade entre eles é contagiante, tanto que é logo percebida quando começam as aulas e os novos colegas reagem a esta proximidade. As meninas perguntam abertamente se eles formam um casal e mesmo ambos negando, cada um tem uma reação diferente ao bullying. Rémi não dá tanta importância, mas Léo sutilmente começa a se afastar do amigo, tanto na sala de aula e no horário de recreação como fora da escola, no momento de lazer deles.
Sem entender este distanciamento, Rémi exige explicações do amigo e eles chegam a brigar. Sentindo-se abandonado, Rémi se deprime e Léo começa a viver novas experiências — como jogar hóquei no gelo —, e será surpreendido com o destino trágico do amigo.
A brilhante interpretação do jovem ator Eden Dambrine é o grande trunfo do filme. Como os roteiristas priorizam o olhar e os gestos para desenvolver a trama, Eden magnetiza o espectador: sem falas, só com o olhar e pequenos movimentos, ele transmite uma gama de sentimentos porque passa seu personagem, o garoto Léo, indo da felicidade e alegria para a culpa, a dor e a vergonha. A saudade, o amor e os sentimentos mais pungentes são transmitidos pelo olhar deste ator revelação.
Há cenas de extrema emoção, em particular as que Léo divide sua dor com Sophie, mãe de Rémi, vivida por Emile Dequenne. Impossível conter as lágrimas. Nas cenas finais, em que o diretor repete o cenário inicial (as lindas plantações de flores), Léo aparece mais calmo e maduro.
Tive a sensação, como brasileiro/latino, que a direção teve a intenção de transmitir a relação espiritual entre Léo e Rémi. Nada separa os laços fraternos e amorosos entre as pessoas. Sem dúvida, um filme de grande impacto, você não pode deixar de assistir.
Fotos: divulgação
Deixe comentário