De Maurício Mellone em abril 22, 2015
Numa mescla de teatro, dança e performance, acaba de estrear no CCBB-SP, para uma curta temporada — só até o dia 02 de maio, o espetáculo Festa, solo da atriz Natalia Gonsales. Sob direção de Lana Sultani, responsável também pela iluminação, dramaturgia de Marcelo Soler e trilha sonora de Vladimir Zolnerkevic, a trama se passa no dia do aniversário da personagem, uma mulher contemporânea que, completamente só, reflete sobre a existência humana e a total incapacidade de se conter a passagem do tempo.
“O tempo não para de pingar”
Na caixa preta do teatro, somente uma geladeira e uma mesa. Neste cenário minimalista (assinado por Flavio Tolezani) é que a personagem começa a montar sua festa de aniversário: com movimentos compassados e repetitivos (vai da mesa à geladeira para buscar objetos) ela faz o bolo, acende a velinha, enche a bexiga e procura comemorar. No entanto, a solidão é a única convidada desta festa, numa nítida metáfora da vida.
O público é convidado a participar do jogo cênico e o envolvimento com o drama daquela mulher aos poucos se estabelece, justamente por tocar em temas tão transcendentais, como vida, morte, amor, paixão e solidão.
Com uma atuação sensível e comovente, Natalia Gonsales sintetiza todo o espetáculo — a cena em que dança um tango impressiona: o espectador tem a nítida impressão que um típico casal argentino está em cena. Destaco ainda o figurino (assinado pela atriz e pela diretora), que além de belo e prático, é versátil. A iluminação e a trilha também estão em perfeita sintonia com a proposta cênica, tornando Festa um espetáculo intimista, reflexivo e comovente.
“O tempo não para de pingar”
Fotos: Flavio Tolesani e Lana Sultani
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