De Maurício Mellone em fevereiro 11, 2020
A histórica noite de cerimônia do Oscar 2020, que concedeu pela primeira vez a estatueta de melhor filme para uma produção não falada em língua inglesa — para o sul-coreano Parasita —, também coroou a atriz Renée Zellweger, que em Judy- muito além do arco-íris dá vida à estrela Judy Garland. Depois de ser escolhida melhor atriz no Globo de Ouro, Renée também venceu o Oscar na mesma categoria.
Com direção de Rupert Goold e roteiro de Tom Edge, inspirado na peça teatral de Peter Quilter, o filme não é uma cinebiografia tradicional de Judy Garland; a trama faz um recorte cirúrgico na carreira da grande estrela de Hollywood e a retrata em seus últimos e decadentes anos de vida, quando teve de deixar os EUA por falta de trabalho e foi viver em Londres, onde se apresentava em casas noturnas.
A síntese do drama de Judy Garland está descrita numa das primeiras cenas do filme: depois de um show, no final dos anos 1960, ela chega a um hotel com seus dois filhos menores, Lorna (Bella Ramsey) e Joey (Lewin Lloyd), e não pode subir. Tem de pedir abrigo ao pai das crianças, pois sua suíte no hotel tinha sido liberada por falta de pagamento. Endividada, sem trabalho e cada vez mais dependente de álcool e medicamentos, Judy é obrigada a aceitar mais uma temporada de shows em Londres, onde ficaria longe dos filhos.
Resignada, a estrela chega à capital britânica e vai conhecer o palco dos shows, mas se recusa a ensaiar. Na estreia, insegura e deprimida, ela quase não se apresenta, mas sua assistente Rosalyn Wilder (Jessie Buckley) praticamente a empurra ao palco e o show é um sucesso. No entanto, nesta época, Judy aos 47 anos era o retrato de sua conturbada e instável carreira artística. O roteiro não se aprofunda, mas revela que desde os tempos em que brilhava nas telas como estrela juvenil, Judy era obrigada a tomar remédios, além de ser vítima do que hoje conhecemos como assédio sexual, muito comum em Hollywood, ontem e hoje (vide o escândalo envolvendo o produtor Harvey Weinstein). As razões da dependência química (álcool e medicamentos) de Judy Garland também são pouco exploradas no filme, mas o espectador compreende e se comove com o drama da estrela.
Além de uma voz potente e de sua incrível interpretação (caracterização perfeita de Judy Garland), Renée Zellweger demonstra grande empatia com sua personagem. Depois de uma carreira recheada de prêmios e alguns fracassos, Renée afastou-se do cinema por seis anos e este papel é sua redenção, a verdadeira volta por cima, já que foi consagrada pelas principais premiações do cinema norte-americano. Prêmios mais do que merecidos! Impossível o espectador não se emocionar com a performance de Renée nas cenas finais do filme, em que Judy, depois de ser despedida da casa de espetáculo, volta no dia seguinte e pede ao artista substituto para cantar pela última vez. Canta e é ovacionada pela plateia; quando interpreta Over the Rainbow (hit de Judy do filme Mágico de Oz) ao final pede para que não a esqueçam! Cena já antológica. Não perca!
Fotos: divulgação
4 Comentários
Rodolfo Claus
março 6, 2020 @ 17:48
Mauricio, eu que já estava para assistir, quero ver logo esse filme. Muito bom passar por aqui e ler suas resenhas. Valeu a dica!!!
Maurício Mellone
março 9, 2020 @ 11:11
Rodolfo:
Tenho certeza q vc irá se emocionar com a história de Judy Garland.
Obrigado pelos elogios, o q me dá força para continuar!
Volte sempre
Bjs
Nanete Neves
fevereiro 18, 2020 @ 11:31
Nossa, depois da tua resenha, Mauricio, não posso perder esse filme!
Maurício Mellone
fevereiro 19, 2020 @ 11:39
Nanete, querida:
Tenho certeza q vc vai amar. O Oscar para a atriz foi mais q merecido!
E não perca o solo da Lavínia Pannunzio, este vc vai concordar comigo, é
um marco já da temporada teatral deste ano!
Bjs e muito obrigado por sua presença constante aqui no Favo!
Beijos