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Eu não sou Harvey- o desafio das cabeças trocadas: solo com Ed Moraes

De em fevereiro 17, 2020

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Com texto e direção de Michelle Ferreira, Ed Moraes revive os últimos anos de Harvey Milk

 

 

Num momento em que ideias conservadoras e a intolerância voltam a ganhar força no mundo e no Brasil, o espetáculo Eu não sou Harvey- o desafio das cabeças trocadas, que acaba de estrear no Sesc Pinheiros, serve como antídoto. Com texto e direção de Michelle Ferreira, o ator Ed Moraes revive em cena os últimos anos de vida de Harvey Milk, ativista dos direitos da comunidade LGBTQIA+ nos EUA, considerado o primeiro político assumidamente gay a ser eleito a um cargo público em seu país. No entanto, Milk foi brutalmente assassinado em 1978, depois de apenas 11 meses de mandato como vereador de São Francisco/Califórnia.

 

A montagem não é uma biografia do ativista norte-americano, mas a autora usa a experiência de vida pública dele como referência para refletir sobre a realidade do Brasil de hoje, que é o país que mais mata pessoas da comunidade LGBT.

 

Peça: Eu não sou Harvey, foto 2

Além de atuar, Ed assina o figurino e a produção

 

Num cenário minimalista assinado por Márcio Macena (apenas uma poltrona e uma escrivaninha, ambas de madeira), o ator sobe ao palco vindo de trás da plateia e deixa claro, enfatizando o título, que não é Harvey Milk. É um ator que tem como desafio revelar o horror vivido pelo ativista norte-americano na década de 1970, assassinado por outro vereador. Mais do que expor a homofobia e a intolerância sofrida por Milk, o texto procura trazer inferências do capitalismo e da história do Brasil para que o espectador reflita sobre a realidade atual e a barbárie de sermos o país que lidera o ranking de extermínio de cidadãos da comunidade LGBTQIA+.

 

 

 

 

“Este solo é um passeio por pensamentos econômicos, científicos e históricos que permeiam os últimos séculos da humanidade. Vivemos em um mundo capitalista complexo e temos que saber da nossa História e de onde as coisas vêm e porque elas acontecem. A ideia é, por meio desses processos, contar porque uma coisa que parece impossível ou ridícula foi possível. E se não tomarmos cuidado voltará a acontecer. É importante falar não apenas da vida de uma pessoa, mas dos processos históricos de toda a humanidade”, argumenta Michelle Ferreira.

 

Por mais que os fatos narrados da trajetória de Milk sejam trágicos, o texto não é denso, justamente por conter informações histórias e provocar reflexões sobre o cotidiano contemporâneo. O que propicia esta empatia com o público é a sensível e comovente interpretação de Ed Moraes, que desde a cena inicial se conecta com o espectador. Com pleno domínio cênico, Ed sabe utilizar os demais elementos (cenário, luz e trilha) para melhor conduzir a narrativa e assim incitar à reflexão. Confira: a temporada é curta (faz uma parada no Carnaval), mas permanece em cartaz até 14 de março.

 

 

 

Peça: Eu não sou Harvey, foto  3

Pleno domínio cênico

Roteiro:
Eu não sou Harvey- o desafio das cabeças trocadas. Texto e direção: Michelle Ferreira. Atuação, idealização e figurino: Ed Moraes. Iluminação: Karine Spuri. Direção musical: Mau Machado. Cenário: Márcio Macena.  Fotografia: Caio Oviedo/Gustavo Steffen/Amanda Clemente. Videomaker: Geraldo Arcanjo. Designer gráfico: Pietro Leal. Orientação de processo: Georgette Fadel. Orientação corporal: Tainara Cerqueira. Produção: Arrumadinho Prod. Artísticas. Direção de produção: Ed Moraes.
Serviço:
Sesc Pinheiros, Auditório (98 lugares), Rua Paes Leme, 195, tel. 11 3095-9400.
Horários: de quinta a sábado às 20h30 (exceto dias 15 e 22/2). Ingressos: R$ 30, R$15 e R$9. Duração: 60 min. Classificação: 14 anos. Temporada: até 14 de março.


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