Mãe e Filho: peça de Jon Fosse trata da árdua conexão entre 2 pessoas

De em julho 11, 2024

 

Vera Zimmermann e Tiago Martelli protagonizam peça do dramaturgo norueguês

 

 

A peça Mãe e Filho, do dramaturgo norueguês Jon Fosse — vencedor do Prêmio Nobel de Literatura/2023 —, foi escrita em 1997 e ganha a primeira montagem no Brasil pelas mãos dos diretores Lavínia Pannunzio e Carlos Gradim. O texto, com tradução de Guilherme da Silva Braga, retrata a relação de difícil conexão entre uma mãe que resolveu deixar o filho para os pais criarem e tenta depois de anos uma reaproximação com ele, já adulto.

 

 

Vera Zimmermann e Tiago Martelli dão vida aos personagens, que mantêm como vínculo somente a maternidade, são estranhos um para o outro. O espetáculo acaba de estrear no Sesc Ipiranga e a temporada se estende até 11 de agosto.

 

 

 

 

Personagens são estranhos um ao outro, não têm afetividade

 

 

 

 

 

 

No cenário minimalista de Bia Junqueira — somente uma plataforma e um imenso balanço como elementos cênicos — os dois personagens têm um primeiro encontro após anos de separação: ela, nervosa, dispara a falar como um recurso para quebrar o gelo entre eles; já o rapaz mantém o silêncio, o distanciamento e responde apenas com monossílabos. Se na grande maioria dos casos mãe e filho são indivíduos ligados pelo afeto e pelo amor, a mãe e o filho da trama de Fosse apenas cumprem papéis, sem qualquer ligação afetiva.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Jon Fosse mostra uma família em que todos e cada um são vistos apenas em seus papéis, sociais e de gênero. Um lugar em que o afeto precisa ser (re)construído, mãe e filho são dois estranhos unidos por uma gestação e um nascimento. Desesperadamente, nada além disso”, afirmam os diretores.

 

 

 

 

Tiago e Vera, dirigidos por Lavínia Pannunzio e Carlos Gradim

 

O que mais chama a atenção na trama é o clima de tensão entre os personagens, é o dito e o não dito, a falta de conexão entre os dois. Tudo fica truncado, não esclarecido. Se de um lado a mulher, jovem ainda, por acidente, engravidou e tentou abortar mas foi impedida por um comitê, o rapaz, com mágoas e traumas, questiona se não teria sido melhor se ele não tivesse nascido. Há um abismo entre mãe e filho, quase intransponível. A direção enfatiza esta separação, mantendo os atores em campos opostos; no abraço inicial, somente a mãe demonstra interesse na aproximação, ele não move um músculo, mantendo-se calado ou monossilábico.

 

 

Neste contexto de contraposição, cenário, figurino e iluminação não trazem cores, tudo é em tom pastel ou no máximo branco e preto, o que realça o distanciamento e as diferenças entre mãe e filho.  O texto joga luz para esta relação e por mais que haja um estranhamento da situação vivida no palco, o espectador se identifica e é provocado a refletir sobre os relacionamentos familiares.

 

 

 

 

 

 

Roteiro:
Mãe e Filho
. Texto: Jon Fosse. Tradução: Guilherme da Silva Braga. Direção: Lavínia Pannunzio e Carlos Gradim. Elenco: Vera Zimmermann e Tiago Martelli. Cenografia: Bia Junqueira. Iluminação: Aline Santini. Figurino: Manauara Clandestina. Trilha sonora original: Rafael Thomazini. Fotografia: João Pacca. Idealização: Tiago Martelli. Direção de produção: Cicero de Andrade/Mosaico Produções. Produção executiva: Gabriela Morato.
Serviço:
Sesc Ipiranga (213 lugares), Rua Bom Pastor, 822, tel. (11) 3340-2000. Horários: sexta e sábado às 20h, domingo e feriados às 18h. Ingressos disponíveis no portal ou nas unidades do Sesc: R$50, R$25 e R$15. Duração: 60 min. Classificação: 12 anos. Temporada: até 11 de agosto de 2024.

 


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