Nova montagem da comédia Três Homens Baixos

De em novembro 8, 2011

Samuca (Anselmo Vasconcellos), Ciro (Francisco Cuoco) e Titi (Orlando Vieira) são três amigos de infância

Em 2001 o espetáculo de Rodrigo Murat era estrelado por Rogério Cardoso, Flávio Galvão e Jonas Bloch, que desta vez assina a direção. Francisco Cuoco, Anselmo Vasconcelos e Orlando Vieira vivem nessa nova montagem os três amigos de infância que se encontram periodicamente na mesa de um bar.
A comédia Três Homens Baixos foi criada para brincar com outra peça, Três Mulheres Altas, do dramaturgo norte-americano Edward Albee, encenada no Brasil em 1995 por Beatriz Segall, Nathalia Timberg e Marisa Orth. Ao contrário de Albee, Murat fez uma comédia rasgada, localizada no bar, local ideal para se jogar conversa fora e também para confissões íntimas; ele brinca com temas tabus para o universo masculino, como a impotência, a infidelidade e a homossexualidade. O espetáculo estreou no Teatro Jaraguá e fica em cartaz até 18 de dezembro.
Os três amigos, o professor Ciro (Cuoco), o banqueiro de jogo do bicho Samuca (Anselmo) e o publicitário Titi (Orlando que também é o responsável pela produção da peça), sempre se encontram no mesmo bar e da mesma forma, cantando marchinhas picantes que entoavam na infância. Logo se vê que esses encontros acontecem de tempos em tempos e a cada vez eles fazem uma recapitulação de suas últimas experiências. Como acontece na vida real, depois do segundo copo há mais descontração e as intimidades se afloram. Samuca é rato de academia, esconde como pode a idade e se vangloria de suas conquistas com as mulheres, principalmente as mais novinhas. Titi, um publicitário bem-sucedido, conta que se divorciou e assume-se gay, para espanto do bicheiro. Já o professor, tímido e um tanto mão de vaca, não resiste e confessa ter problemas de ereção. Pronto, com ironia, tabus do universo masculino são postos à mesa e os três amigos são obrigados a lidar com temas bem delicados, como impotência, homossexualidade e infidelidade no casamento (o garanhão sabe ao ficar viúvo que a mulher tinha amantes). Para o diretor Jonas Bloch, “tudo é apresentado com muito humor, alegria e de uma forma bem brasileira de encarar a vida”.

Orlando, Anselmo e Cuoco ao lado do diretor Jonas Bloch

Não posso deixar de comparar esta comédia de Murat com a peça de Nanna de Castro, Novelo, em cartaz no Viga Espaço Cênico (resenha já publicada aqui no Favo). Ambas têm como mote central o homem na sociedade de hoje, mas os temas são tratados de maneira diametralmente opostas. Se em Três Homens Baixos os problemas e limitações dos três amigos são apenas mencionados, em Novelo a autora põe a nu o homem contemporâneo, discutindo em profundidade questões e conflitos do universo masculino por meio da relação dos cinco irmãos.
Cheguei a ficar constrangido com o uso indiscriminado de palavrões e linguajar chulo. A plateia ria muito, mas um texto para provocar riso não precisa apelar tanto, com palavrões à revelia. No programa da peça, Francisco Cuoco parece que se justifica: “A maioria do público vai rir e adorar. Alguns poucos vão torcer o nariz. Esquecem que verdades podem ser expressas com humor”. Dentro desta visão, sou um dos que não aprovam o tom da comédia de Murat.

Fotos: Ismael Neves e Paula Kossatz


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