O Despertar: Carla Candiotto em solo cômico de Franca Rame e Dario Fo

De em junho 10, 2021

Com tradução, adaptação e direção de Neyde Veneziano, atriz vive uma trabalhadora hilária

 

 

A diretora Neyde Veneziano está de volta ao universo do casal de dramaturgos italianos Franca Rame e Dario Fo, depois de já ter montado Mistero Buffo e Francesco. Desta vez Neyde assina a tradução, adaptação e direção do monólogo cômico O Despertar, que faz parte dos 25 monólogos para mulheres da antologia feminina, da obra do casal. Neste solo, a atriz Carla Candiotto vive uma trabalhadora do comércio, que como a maioria das mulheres de classe menos abastada, precisa ser muitas para dar conta de tantos afazeres. Com graça e ironia, o texto faz uma ácida crítica social.

 

Gravado no Teatro Giostri, o espetáculo tem transmissões gratuitas, de sexta a domingo, pelo canal You Tube Veneziano Produções até o próximo dia 20/06.

Com graça, Carla relata o cotidiano de uma mulher dos nossos dias

 

 

Neste novo fazer teatral em função da pandemia da Covid-19 (espetáculo foi gravado e é um misto de teatro e audiovisual), a diretora resolveu criar o monólogo com a câmera parada diante da atriz, tendo ao fundo um pequeno e modesto apartamento que ao final o espectador terá uma grata surpresa. Como diz o título, o prólogo é um sonho/pesadelo daquela mulher, que mesmo dormindo vive preocupada com tudo o que tem de providenciar no seu dia a dia. Ao acordar, vê que tudo o que sonhou é pura realidade: tem de correr para se arrumar, fazer tudo sem muito barulho para não acordar o marido que está desempregado, vestir seu bebê e correr para levá-lo à creche antes de entrar no serviço, uma loja de produtos populares onde invariavelmente é assediada pelo chefe/proprietário. E há ainda o transporte coletivo sempre lotado, além dos rígidos horários a se cumprir.

 

 

Com forte verve cômica, a atriz relata com graça o cotidiano daquela trabalhadora, tudo vira gague, por mais que ela viva sobrecarregada de serviço, sofra violência doméstica e assédio no trabalho. Com ironia e sarcasmo os autores fazem uma crítica social:

 

 

“Pretendemos provocar indignação na plateia, pelo desprezo e indiferença com que os ricos tratam os mais simples. A dramaturgia de Franca & Fo revela a submissão sexual da mulher e o papel feminino na história mundial. O absurdo do real cresce com a crítica aos patrões, com a péssima qualidade do transporte público, com a briga de casal, até chegarmos ao verdadeiro non sense que, por mais absurdo que seja, faz sentido”, explica Neyde Veneziano.

 

 

Mesmo tendo sido escrito nos anos 1970, o monólogo cômico infelizmente é muito atual, graças à ótima adaptação à realidade brasileira e aos dias atuais: com a pandemia verificou-se o aumento do número de casos de violência doméstica às mulheres. Com humor, o espetáculo provoca reflexão e incita o público a tomar consciência do que estamos vivendo. Além da força da dramaturgia e da criativa adaptação, o solo, de 30 minutos de duração, ganha ainda mais força graças ao talento de Carla Candiotto. Destaque ainda para o inusitado cenário de Fabio Namatame, que é totalmente desmontado ao final da apresentação pela equipe, todos de máscara. Curta temporada: somente dois finais de semana, este e o próximo.

 

Atriz atrai o público com sua comicidade


Roteiro:
O Despertar
. Texto: Franca Rame e Dario Fo. Tradução, adaptação e direção: Neide Veneziano. Elenco: Carla Candiotto. Cenografia e figurino: Fabio Namatame. Iluminação: André Lemes. Fotografia e captação de imagens: Rodrigo Veneziano.
Serviço:
Gravado no Teatro Giostri, transmissão online gratuita: You Tube Veneziano Produções. Horários: de sexta a domingo às 20h. Duração: 30 min. Classificação: 14 anos. Temporada: até 20 de junho.

 


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