De Maurício Mellone em abril 10, 2018
Marcos Caruso — depois de temporada carioca de sucesso (ganhou Prêmio Shell/Rio de melhor ator) e turnê por Portugal — acaba de estrear no Teatro FAAP o monólogo O Escândalo Philippe Dussaert, do ator e dramaturgo francês Jacques Mougenot.
Com tradução de Marilu de Seixas Corrêa e direção de Fernando Philbert, a peça traz Caruso na pele de um palestrante que, a partir da obra de Philippe Dussaert, um pintor especializado em cópias de obras clássicas, discute os limites da arte contemporânea. Além de copiar quadros de Da Vinci e de Manet, dentre outros, Dussaert produziu 19 quadros, tendo como títulos ‘Ao fundo de …’ , em que copiava as pinturas famosas retirando todas as figuras humanas e animais, ficando somente a paisagem de fundo destes quadros. Ao projetar tanto os quadros originais dos grandes pintores como os produzidos por Dussaert, o palestrante questiona com a plateia o que se entende por arte contemporânea: quadros produzidos por um chipanzé têm o mesmo valor estético de obras de artistas renomados? O que define a obra de arte contemporânea?
O espetáculo reserva várias surpresas ao público e uma das primeiras é ser recebido no saguão do teatro pelo próprio ator, que cumprimenta um a um os espectadores. Com 45 anos de carreira e em seu primeiro monólogo — são mais de 30 peças, além de participações na TV e cinema —, Marcos Caruso revela pleno domínio cênico: com o palco vazio (apenas uma mesa, um banco e um painel onde são projetados os quadros), o ator está à vontade em cena na pele do palestrante.
Logo no início confessa não ser um especialista em arte contemporânea e que foi orientado por uma professora e crítica de arte, tanto que cita trechos da obra dela. E esta confissão (que não é expert em artes plásticas) produz um efeito com a plateia, de identidade e interatividade, já que faz várias perguntas aos espectadores e pede a ajuda deles quando compara os quadros clássicos com os do artista que está analisando. E esta interação palestrante/público permanece até o final quando da análise de um quadro polêmico de Dussaert, vendido por uma quantia vultosa, e que o limite entre arte e engodo é discutido de maneira profunda. Com a plateia à vontade e atenta à explanação, todos são pegos de surpresa com um desfecho inusitado!
Com poucos elementos cênicos e com trilha sonora e iluminação pontuando a narrativa do palestrante, o grande destaque do espetáculo é para a performance de Caruso, que mantém perfeita comunhão com a plateia.
A montagem cumpre temporada até final de junho, imperdível!
Roteiro:
O Escândalo Philippe Dussaert. Texto: Jacques Mougenot. Tradução: Marilu de Seixas Corrêa. Direção: Fernando Philbert. Elenco: Marcos Caruso. Cenário e figurino: Natalia Lana. Iluminação: Vilmar Olos. Trilha sonora original: Maíra Freitas. Fotografia: Paula Kossatz. Produção executiva: Thábata Tubino. Realização: Porca Miséria e Galeria de arte Cormovimento.
Serviço:
Teatro FAAP (486 lugares), Rua Alagoas, 903, tel. 11 3662.7233. Horários: quinta a sábado às 21h e domingo às 18h. Ingressos: R$ 80 e R$ 40. Bilheteria: de terça a sábado, das 14h às 20h; domingo das 14h às 17h. Vendas: www.teatrofaap.com.br. Duração: 80 min. Classificação: 12 anos. Estacionamento conveniado, Portão G7. Temporada: até 01 de julho.
4 Comentários
Nanete Neves
abril 11, 2018 @ 15:53
O tema parece bem interessante. Fiquei agora curiosa para ver o Caruso sozinho em cena e arriscando-se em um monólogo, Obrigada pela resenha!
Maurício Mellone
abril 12, 2018 @ 14:29
Nanete,
o Caruso está muito bem em cena no seu primeiro
monólogo (em 45 anos de carreira e mais de 30 peças, fora
sua participação em TV e Cinema): tem a plateia em suas
mãos! E como o final surpreende a todos, sua performance
ganha ainda mais valor
Bjs, querida, e volte sempre! (adoro seus
comentários e sua constante presença por aqui)
Marcos Caruso
abril 10, 2018 @ 15:37
Agradeço as palavras de elogio, o que só faz aumentar a minha responsabilidade.
Marcos Caruso
Maurício Mellone
abril 11, 2018 @ 11:14
Caruso, querido:
Que honra receber seu comentário!
Como é sua primeira experiência em monólogo,
imagino a sensação de responsabilidade.
No entanto, vc está seguro e muito à vontade em cena
(sua segunda casa!). Não se preocupe, a plateia
delira com sua atuação!
Novamente parabéns!
E muito obrigado pela visita
abraços!