De Maurício Mellone em abril 6, 2016
Grande vencedor do Festival de Brasília/15 — recebeu os prêmios de direção, ator e atriz coadjuvantes, fotografia, direção de arte e montagem —, o filme do diretor paranaense Aly Muritiba, Para minha amada morta, revela o drama do fotógrafo policial Fernando, interpretado por Fernando Alves Pinto, que ao remexer objetos e documentos de sua mulher, que acabara de falecer, descobre uma fita VHS em que ela o trai com um amante. Desnorteado com a informação — na fita ela diz literalmente que aquele homem “foi a melhor coisa que me aconteceu” na sua vida —, Fernando quer desvendar esta história. Para tanto, pede que a cunhada fique uns tempos com o filho pequeno e parte em busca do seu rival.
Com poucos diálogos e o personagem central extremamente introspectivo, o espectador é conduzido para dentro da história por meio das ações do fotógrafo. Depois da descoberta da traição, Fernando pesquisa nos arquivos policiais e descobre que seu rival é um ex-presidiário (vivido por Lourinelson Vladimir) que fora cliente de sua mulher (que era advogada) e que mora na periferia. Após muita procura Fernando localiza o homem, hoje casado, com duas filhas e que frequenta uma igreja evangélica. Descobre também que ele deseja alugar a edícula de sua casa. Pronto, seus planos estão caminhando: Fernando começa a frequentar o culto e em seguida convence o ex-presidiário a alugar a edícula. Desta forma, ele se aproxima primeiramente da filha adolescente (Giuly Biancato) e depois da esposa do rival (Mayana Neiva).
O que chama a atenção no filme de Muritiba — estreante em longas, mas realizador de vários curtas, inclusive premiados — é justamente o clima de suspense da trama, mas que em nenhum momento o personagem explicita seus verdadeiros sentimentos. Os silêncios de Fernando encobrem suas intenções e o espectador fica em dúvida se ele irá executar um plano de vingança. Há cenas em que o suspense é acentuado, como, por exemplo, quando o filho de Fernando pega a arma do pai que está dormindo, ou as sequências com os dois homens: numa eles estão trabalhando com pás de pedreiro que podem se transformar em armas; em outras cenas eles estão no telhado e um leve toque pode provocar grave acidente.
Além de um roteiro instigante (assinado pelo diretor), que envolve o público desde a primeira cena, Para minha amada morta se destaca pela brilhante atuação de Fernando Alves Pinto. O desfecho da trama pode surpreender a muitos. Confira!
Fotos: divulgação
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