De em junho 25, 2012
Dois garotos de 11 anos discutem num parque e um deles bate com um pedaço de pau no outro, que sai com a boca machucada e depois perde dois dentes. Este é o mote de Deus da Carnificina, filme de Roman Polanski baseado na peça teatral da argelina radicada na França, Yasmina Reza. Depois de muito sucesso nos palcos — com direção Emílio Mello, a peça no Brasil foi encenada por Julia Lemmertz, Paulo Betti, Deborah Evelyn e Orã Figueiredo, ver resenha aqui no Favo — a trama ganha agora as telonas. Como o diretor não tem permissão para entrar nos Estados Unidos, Polanski rodou num único cenário, o apartamento de Penelope e Michael, vividos por Jodie Foster e John C. Reilly, o que deixa o filme ainda mais próximo da peça. No prólogo, é mostrada ao longe a briga dos garotos e depois a câmara já mostra os dois casais diante do monitor do computador redigindo os termos do acordo entre eles; fica acertado que o filho de Nancy e Alan Cowan (Kate Winslet e Christoph Waltz) que agrediu o outro deverá se desculpar formalmente. Depois de concordarem com todos os termos, o casal de visitantes aceita tomar um café com bolo. De uma conversa amena tudo se transforma.
Firmado o acordo, tudo parece resolvido, dentro das normas de civilidade e da boa educação. No entanto, como se expõem um pouco mais na coversa informal, as diferenças entre eles sobressaem. Primeiramente Nancy procura se desculpar diante dos anfitriões em virtude da falta de educação do marido, que não para de atender o celular a todo o instante. Depois as rugas entre Penelope e Michael também aparecem para em seguida os atritos entre os dois casais virem à tona; por último as desavenças entre os quatro são evidenciadas, com a ajuda do nível alcoólico acentuado deles todos!
Sem máscara ou aparência, os personagens mostram as verdadeiras personalidades e o conflito é visceral. A autora argumenta que os personagens da trama são pessoas educadas, mas como também são impulsivas, não conseguem manter as regras que impuseram a si mesmas.
É precisamente essa luta contra si mesmo que me interessa”, confessa Yasmina Reza.
Roman Polanski fez questão de manter a essência da peça em seu filme e o público se vê como um voyeur: aprecia de camarote tanto as brigas entre os quatro personagens como a crítica ao conceito — um tanto hipócrita — do ‘politicamente correto’. Destaque do filme é, sem dúvida, para a brilhante atuação dos atores; no entanto, Jodie Foster sobressai com sua hilária Penelope, a mãe superprotetora, a mais politicamente correta impossível!
Fotos: divulgação
2 Comentários
Luiz Carlos Líbano
julho 12, 2012 @ 00:58
Vi o filme no Clube do Professor já há um tempo, creio que há um mês e o amei. Polanski de novo em excelente forma. (Se cabem os parênteses, vi ‘A dança dos vampiros’ em Stuttgart – “Tanz Der Vampire – Das Musical” dirigida pelo próprio. Um luxo!) Mas voltemos ao filme, muito bom!!! Amei as atuações e o texto, ágil, ácido, cortante e atual. Achei o filme um teatro filmado. Maravilhoso, parabéns pela indicação, amigo.
Maurício Mellone
julho 12, 2012 @ 14:04
Luiz:
Que bom q vc também gostou do filme e da minha indicação.
E adorei q vc diz q é um ‘teatro filmado’: Polanski foi convidado
para filmar a peça (premiada) da dramaturga francesa, q foi
encenada no Brasil.
bjs e volte sempre me visitar por aqui!