ARTE, peça de Yasmina Reza

ARTE: peça de Yasmina Reza questiona a amizade entre três homens

De em setembro 13, 2012

ARTE, peça de Yasmina Reza

Marcelo Flores, Vladimir Brichta e Claudio Gabriel interpretam amigos que brigam por causa de um quadro de artes plásticas

Partir de um fato corriqueiro para discutir temas profundos da relação humana. Mais uma vez a dramaturga francesa Yasmina Reza tem esta intenção com a peça ARTE, em cartaz na cidade, no Teatro Renaissance, depois de grande sucesso carioca. Assim como fez em Deus da Carnificina — que a briga entre dois garotos na escola provoca um turbilhão na vida de seus pais —, desta vez é um quadro de arte contemporânea (supostamente em branco) adquirido por Sérgio, interpretado por Claudio Gabriel, causa uma revolução na relação de amizade entre ele e Marcos e Ivan, vividos por Marcelo Flores e Vladimir Brichta. Mais do que discutir conceitos estéticos das artes plásticas, os três rapazes entram numa briga visceral, trazem à tona rugas antigas, pontos de vista diversos sobre a vida, colocando, inclusive, em cheque a amizade entre eles.
Com tradução e direção assinadas por Emílio de Mello, a montagem é totalmente despojada, com os atores se desdobrando como contrarregras na montagem dos ambientes de cada cena — são poucos elementos cênicos que caracterizam os apartamentos dos personagens. E também são os próprios atores que executam a trilha sonora (tocam instrumentos e acionam o equipamento), o que torna natural a sintonia entre palco plateia.
A cena inicial já vai ao âmago da discussão: o quadro é colocado estrategicamente em foco por Sérgio para que Marcos aprecie e dê sua opinião. A reação é um riso espontâneo e a desaprovação imediata à obra, principalmente quando o amigo sabe o valor pago por Sérgio. Eles se desentendem e Marcos procura Ivan para contar o ocorrido. Ivan, mais moderador, ouve atentamente o amigo e visita o outro; como não se expõe explicitamente, surge a discórdia entre os três. O que menos importa na discussão é o valor artístico do quadro: é a partir dele que as desavenças entre os amigos aparecem. O modo de encarar a vida, princípios, valores, sentimentos são questionados a fundo. Os três põem do avesso a relação deles. O que mais me impressionou no espetáculo é a forma como a autora encontra para chegar ao denominador comum.

O texto apropria-se de situações corriqueiras e mundanas e nos devolve toda uma discussão sobre questões da sociedade e do mundo contemporâneo.”, afirma Emílio de Mello.

 

Brichta produz pela primeira vez e tem como parceiros Emílio de Mello e Marcelo Flores

Vladimir Brichta, que pela primeira vez produz um espetáculo — tem como parceiros seu colega de palco Marcelo Flores e o diretor — confessa estar fascinado com a peça, que assistiu em Buenos Aires:
“Yasmina usa com maestria do humor : de forma corrosiva, destrói o verniz social e nos expõe a todos de forma demasiadamente humana”.
Além do texto da dramaturga francesa cativar por sua proposta tragicômica, ARTE enlaça o espectador graças à interpretação afinada e em perfeita sintonia entre os três atores. Destaque também para o figurino de Marcelo Olinto e a iluminação de Tomás Ribas.

 


Fotos: André Wanderley


2 Comentários

marcelo flores

setembro 17, 2012 @ 21:59

Resposta

valeu, bróder! obrigado pela presença e pelas palavras!

Maurício Mellone

setembro 18, 2012 @ 14:05

Resposta

Marcelo:
Que delícia receber sua visita aqui!
Obrigado pelos elogios e sucesso na temporada de ARTE.
abr

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