De Maurício Mellone em julho 30, 2019
Em sua sétima edição, aconteceu ontem no Teatro Sérgio Cardoso o Prêmio Aplauso Brasil de Teatro. Sob a coordenação do jornalista Michel Fernandes, o prêmio é concedido a 16 categorias e os agraciados são escolhidos pelo público e pelo júri. E já como é tradição, há sempre homenagens; neste ano as atrizes Monah Delacy e Nicette Bruno foram reverenciadas, além do produtor e ator Odilon Wagner.
A festa foi aberta com muito humor pela atriz Silvette Montilla, que logo chamou Amanda Acosta para o primeiro número musical. A atriz, que protagonizou o espetáculo Bibi, uma vida em musical, cantou duas canções do repertório da saudosa Bibi Ferreira. A apresentação da noite ficou a cargo dos três mestres de cerimônia, Bárbara Paz, Ilana Kaplan e Leopoldo Pacheco, e do diretor musical Jonatan Harold, ao piano.
Como não poderia deixar de ser, a festa em tom de alegria e confraternização contou com a presença maciça da classe artística e do público amante das artes dramáticas. Entretanto, como o país vive um momento de crise e com um governo federal avesso à cultura e à educação, o clima geral da premiação foi de resistência, expresso pela ideia enfatizada em diversos momentos da festa, o da importância de que todos fiquem unidos, de mãos dadas!
A premiação às 16 categorias teve início com a chamada dos escolhidos, primeiramente os da votação popular e em seguida os do júri técnico. Todos receberam o troféu, uma criação de Fernando Castioni. A entrega dos prêmios foi intercalda com números musicais, dos espetáculos concorrentes ao melhor musical.
Como sempre acontece, os organizadores do evento prestam uma homenagem aos artistas que faleceram no último ano. E desta vez a primeira homenageada foi a atriz Ruth de Souza, que nos deixou no último domingo. Ao som da Canção in memorian, imagens dos artistas iam sendo projetadas na tela. Por último foi dedicado um espaço especial ao diretor Antunes Filho.
Tributo às damas do teatro
O destaque da festa sem dúvida ficou para as homenageadas Monah Delacy e Nicette Bruno. No telão companheiros de profissão deram seus depoimentos sobre a carreira e a vida destas duas damas do teatro. Quem abriu as homenagens a Monah foi o ator e dramaturgo Juca de Oliveira, seguido por Bia Lessa, Eva Wilma, Ney Latorraca, Nathalia Timberg, Ana Lúcia Torre e sua filha, a atriz Christiane Torloni, que em seguida entrou no palco e completou a celebração. “Todos já falaram da atriz, mas eu quero falar da minha mãe, uma pessoa que sempre teve orgulho de ser brasileira e dedicou sua vida à arte. Agradeço a ela por este legado de poder sonhar e me manifestar como artista”.
Aplaudida de pé pela plateia, Monah fez questão de agradecer e de lembrar que fez parte da primeira turma da EAD. “Foi aqui que estudei, que entrei para o teatro; sou mais paulista do que muitos paulistas. Do alto dos meus 90 anos, quero dizer que minha vida foi para o teatro. Muito obrigada por este prêmio!”.
Michel Fernandes também subiu ao palco para agradecer aos presentes, assim como aos parceiros, à Secretaria de Cultura e Economia Criativa e à APAA (Associação Paulista dos Amigos da Arte). “O teatro é democrático, é um lugar para todos, o que importa é o talento. Que vocês nunca desistam do teatro”, arrematou o coordenador do Prêmio.
Novo vídeo foi projetado no telão, agora para as homenagens a Nicette Bruno; quem abriu os depoimentos foi Nathalia Tinmberg, seguida por Eva Wilma, Alcides Nogueira, Charles Möeller, Newton Moreno, Totia Meirelles e Teca Pereira. E no palco os filhos Bárbara Bruno, Beth Goulart e Paulo Goulart Filho completaram as homenagens. Também ovacionada pelo público, Nicette agradeceu dizendo que “esta noite foi só de emoção, com mensagens lindas proferidas por todos. Meus agradecimentos aos indicados e aos premiados. Só o teatro me dá esta alegria. Faço parte da família do teatro brasileiro”, disse.
O último homenageado foi o produtor Odilon Wagner, que além de agradecer enfatizou que o papel do produtor se confunde com o de ator; em seguida fez um apelo: “Neste momento que tentam nos censurar, tentam nos diminuir, é importante a celebração. Precisamos estar de mãos dadas, em união e conciliação”.
Para encerrar a cerimônia, novamente foi convocada Silvette Montila, que agradeceu a presença de todos e solicitou que os premiados subissem ao palco para a foto conjunta.
Acompanhe a seguir a relação completa dos agraciados com o troféu Aplauso Brasil 2019:
Melhor iluminação:
Voto popular: Thiago Capella por O Desmonte
Voto júri: Paulo César Medeiros por O Jornal
Melhor figurino:
Voto popular: Fabio Namatame por Love, Love, Love e A Profissão da Sra Warren
Voto júri: Lino Vilaventura por O poço e o pêndulo e A cor que caiu do ceú
Melhor arquitetura cênica:
Voto popular: Marisa Rebollo por As irmãs siamesas
Voto júri: Bia Lessa por PI – panorâmica insana
Melhor trilha sonora
Voto popular: Rafael Thomazini e Vinícius Scorza por O poço e o pêndulo
Voto júri: L.P. Daniel por Love, Love, Love
Melhor dramaturgia
Voto popular: Amarildo Félix por O Desmonte
Voto júri: Jô Bilac por Insetos
Melhor direção
Voto popular: Naruna Costa por Buraquinhos ou o vento é inimigo do Piucumã
Voto júri: Zé Henrique de Paula por Um panorama visto da ponte
Melhor elenco
Voto popular: Cinthya Hussey e Nara Marques por As irmãs siamesas
Voto júri: Alexandre Cioletti, Augusto Madeira, Débora Falabella, Yara de Novaes e Mateus Monteiro por Love, Love, Love
Melhor ator
Voto popular: Vitor Placca por O Desmonte
Voto júri: Gilberto Gawronski por A ira do narciso
Melhor atriz
Voto popular: Clara Carvalho por A Profissão da Sra Warren
Voto júri: Amanda Acosta por Bibi, uma vida em musical
Melhor ator coadjuvante
Voto popular: Samuel Carrasco por Eles não usam Black-tie
Voto júri: Raphael Garcia por Navalha na carne negra
Melhor atriz coadjuvante
Voto popular: Jany Canela por Política da editora
Voto júri: Teca Pereira por Eles não usam Black-tie e Tuna Dwek por A noite de 16 de janeiro
Melhor musical
Voto popular: Amor barato– o Romeu e Julieta dos esgotos (Canto Produções)
Voto júri: Bibi, uma vida em musical (Negri e Tinoco Produções Artísticas)
Melhor espetáculo de produção independente
Voto popular: O Desmonte (Caboclas Produções)
Voto júri: Um panorama visto da ponte (Geradora Teatral e Mamberti Produções)
Melhor espetáculo de grupo
Voto popular: Tio Ivan – Núcleo Teatro de Imersão
Voto júri: Insetos – Cia. dos Atores
Melhor espetáculo para o público infanto-juvenil
Voto popular: Telhado de ninguém – direção: Mark Bromilow
Voto júri: O mundo de Hundertwasser – direção: Alvaro Assad
Destaque
Voto popular: Dedé Santana pelos mais de 80 anos dedicados à arte
Voto júri: Projeto Teatro Mínimo do Sesc Ipiranga
Fotos: Leekyung Kim, Mateus Pereira e Vanessa Martins
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