De Maurício Mellone em agosto 15, 2018
O documentário de André D’Elia, Ser Tão Velho Cerrado, que acaba de estrear faz um painel das lutas para preservação do Cerrado brasileiro, em especial da região da Chapada dos Veadeiros, em Goiás. Intercalando depoimentos de ambientalistas, professores, cientistas e moradores da região com representantes ruralistas e da mineração, o filme apresenta a importância da biodiversidade e a luta travada para a preservação da região em virtude da devastação ocorrida com a chegada da monocultura da soja e a exploração mineral naquela área.
Com roteiro do diretor em parceria com Júlia Saleh, o filme conta ainda com a participação dos atores Juliano Cazarré e Valéria Pontes, que fazem a ligação dos depoimentos e evidenciam as contradições das falas dos empresários e ruralistas.
O filme começa com uma descrição didática e minuciosa do Cerrado, considerado o segundo mais importante bioma da América do Sul, com uma exuberante e rica quantidade de espécies da fauna e da flora. Os depoimentos dos especialistas e dos moradores são entrecortados com as belíssimas imagens da região e o espectador recebe as informações científicas e vai se certificando da extrema importância da preservação do Ser Tão Velho (que é o Cerrado) em virtude da ação do Ser Tão Novo (o homem), que vem destruindo criminalmente a vegetação e consequentemente os seres vivos nativos — as cenas em que se veem tratores com grandes correntes devastando toda a vegetação para o plantio de soja são revoltantes!
Representantes do agronegócio, de empresários e mineradores também têm voz no documentário e a partir daí o espectador passa a entender a luta insana travada entre os que desejam a preservação do meio ambiente — e propõem a agricultura familiar como alternativa à monocultura — e aqueles que agem unicamente visando o lucro e o desenvolvimento desenfreado. Os atores Cazarré e Valéria interferem deixando evidentes as discordâncias entre os discursos de ambas as partes.
O acúmulo de depoimentos e a vultosa carga de informação, muitas vezes repetitivas (o filme tem quase 100 minutos de duração) provocam cansaço. No entanto, o documentário serve de alerta para que a população como um todo e, principalmente os governantes a serem eleitos neste ano, fiquem atentos para que se chegue a um acordo para preservar este importante bioma e que se consigam novas formas de desenvolvimento sem agredir o meio ambiente.
Fotos: divulgação
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