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Um panorama visto da ponte: clássico de Arthur Miller revisitado

De em agosto 14, 2018

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Rodrigo Lombardi vive o estivador e Sergio Mamberti o advogado dele

Mesmo tendo sido escrita em 1955, a peça do dramaturgo norte-americano Arthur Miller, Um panorama visto da ponte, em cartaz no Teatro Raul Cortez, trata de temas atuais como imigração, crise econômica, desemprego e conflito familiar.  Justamente por resistir ao tempo é que ela se tornou um clássico e nesta nova versão do diretor Zé Henrique de Paula os atores Sergio Mamberti e Rodrigo Lombardi lideram o elenco de jovens atores.

A trama se passa na Nova York dos anos 1950, mais precisamente nos arredores das docas do Brooklyn, na época bairro proletário e repleto de imigrantes. A história, contada pelo advogado Alfieri (Mamberti), retrata a vida do estivador Eddie Carbone (Lombardi) e sua esposa Beatrice (Patrícia Pichamone), que criam a sobrinha Catherine (Gabriella Potye) desde que ficou órfã. Tudo começa com a chegada dos primos italianos de Beatrice, que entram de forma ilegal no país, Marco (Antonio Salvador) e Rodolpho (Bernardo Bibancos). Quando Catherine e Rodolpho iniciam um namoro, Eddie enciumado vai provocar uma tragédia de grandes proporções.

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O namoro de Rodolpho e Catherine (Bernardo Bibancos e Gabriella Potye) desencadeia o conflito da trama

 

Com o cenário de Bruno Anselmo em forma de contêineres (o fundo do palco coberto do teto ao chão) reproduzindo as docas e os casebres das famílias dos trabalhadores, a trama começa em plena harmonia no lar dos Carbone, que esperam pela chegada dos primos italianos. Catherine é a mais animada e assim que eles chegam, faz questão de mostrar a cidade para Rodolpho, que adora cantar e sonha em se estabelecer na América. Já Marco espera poder ganhar dinheiro para enviar para a esposa e os filhos que ficaram na Itália. A aproximação e o iminente romance entre a sobrinha e o imigrante ilegal deixam Eddie no início preocupado, mas logo seu ciúme aflora e ele começa a enxergar Rodolpho como um rival.

Mais do que retratar o universo de uma família proletária da década de 1950 e seus conflitos internos, Miller faz uma crítica social, denunciando o sistema judiciário americano da época e o tratamento com os imigrantes ilegais.

 

“Arthur Miller fala das nossas paixões primais, da ideia de delação, das questões de imigração, de identidade nacional e, acima de tudo, da pulsão de amor e morte. Minha abordagem é estripar a peça de sua casca naturalista e ir ao âmago da tragédia, colocando a palavra em primeiro plano e dando forma a uma história de meados do século XX, mas que poderia ser a história da família de cada um de nós”, afirma Zé Henrique de Paula.

 

Sem dúvida a dramaturgia de Miller permanece atual, principalmente na crítica social; no entanto alguns temas são tratados do ponto de vista da moral do século passado, ficando datados, principalmente o papel da mulher na sociedade, o machismo e o preconceito — o estivador faz insinuações de que Rodolpho era gay, tratando-o como se não fosse ‘normal’. No entanto, a concepção cênica do diretor é dinâmica e centrada na atuação dos atores, o que envolve o espectador no drama daquela família. A sintonia do elenco é um marco da montagem, com destaque para a interpretação de Lombardi e a sensível participação de Mamberti: como é gratificante ver a atuação de um veterano ator num grande papel da dramaturgia mundial. Não perca, temporada até final de novembro.

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Grande atuação de Sergio Mamberti

 

Roteiro:
Um panorama visto da ponte. Texto: Arthur Miller. Tradução: José Rubens Siqueira. Direção: Zé Henrique de Paula. Assistente de direção: Ines Aranha. Elenco: Rodrigo Lombardi, Sergio Mamberti, Antonio Salvador, Bernardo Bibancos, Gabriel Mello, Gabriella Potye, Patricia Pichamone e William Amaral.  Cenário: Bruno Anselmo. Figurinos: Zé Henrique de Paula. Iluminação: Fran Barros. Trilha original: Fernanda Maia. Fotografia: Ale Catan. Produção e design gráfico: Cadão. Produção executiva: Daniel Palmeira. Direção de Produção: Carlos Mamberti. Realização: Geradora Teatral e Mamberti Produções.
Serviço:
Teatro Raul Cortez (513 lugares), Rua Dr. Plínio Barreto, 285, tel. 11 3254-1631. Horários: sexta às 21h30, sábado às 21h e domingo às 18h. Ingressos: R$ 80. Bilheteria: terça a quinta das 15h às 20h; sexta a domingo a partir das 15h. Vendas: ingressorapido.com.br. Duração: 100 min. Classificação: 14 anos. Temporada: até 25 de novembro.


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