De Maurício Mellone em maio 7, 2013
Com roteiro de Marcos Bernstein e direção de Antonio Carlos da Fontoura, Somos Tão Jovens faz um recorte histórico na vida de Renato Manfredini Jr., interpretado pelo ator Thiago Mendonça. Do garoto de16 anos que é obrigado a ficar de cama durante meses em função de uma cirurgia à formação da banda de rock que influenciou toda uma geração. O filme mais do que retratar o surgimento de um ídolo da música brasileira, Renato Russo, mostra como viviam os jovens da capital federal em plena ditadura militar e como surgiu o que depois ficou conhecido como o rock de Brasília, com bandas como Capital Inicial, Legião Urbana, Plebe Rude, Paralamas do Sucesso entre tantas outras.
Se em 2011 o documentário Rock Brasília- Era de Ouro, do diretor Vladimir Carvalho, trouxe um grande painel sobre a criação das bandas de punk-rock da capital federal dos anos 80 — com depoimentos dos músicos das bandas —, em Somos Tão Jovens a intenção é outra. Fontoura centra seu filme na história pessoal de Renato Russo, tendo como pano de fundo a cena musical de Brasília.
Por isto que a trama começa com o acidente de bicicleta de Renato: o tombo foi em consequência de uma doença congênita do garoto. Depois da cirurgia, ele precisa ficar de cama, em recuperação. É neste período que Renato aprofunda sua formação humanística, com muita leitura e música. Ao voltar à ativa depois de meses, ele não tem tempo a perder: estuda, dá aulas de inglês e começa a ouvir punk, das primeiras bandas de Londres, que influenciou tanto a sua vida como a de todos os jovens da capital federal. É deste novo estilo de vida que nasce sua primeira banda, Aborto Elétrico, com Renato e os irmãos Lemos, Fernando (o Fê) e Flávio, interpretados por Bruno Torres e Daniel Passi.
Um diferencial do roteiro é não mitificar a imagem de Renato Russo; tanto os conflitos com os pais, Dr. Renato e Carminha, vividos na tela por Marcos Breda e Sandra Coverloni, como os atritos com os companheiros da banda e a relação íntima e tumultuada com a amiga Ana, interpretada por Laila Zaid, são ressaltados na trama. O gênio forte, muitas vezes arrogante, a dificuldade em lidar com a sexualidade — a cena em que Renato se declara e é rejeitado por Flávio é tocante —, o destempero no palco e os excessos com álcool e drogas compõem em personagem real e, por isto mesmo, próximo do público.
A legião de fãs de Renato Russo não ficará frustrada com Somos Tão Jovens, pelo contrário. Mesmo com o filme mostrando a formação da banda Legião Urbana, antes dos grandes shows e dos hits, o filme traz diversas canções e até os bastidores destas composições (como surgiram e o que motivou Renato a compor). Mas sem dúvida o que chama a atenção no filme é a brilhante atuação de Thiago Mendonça: ele encarna com perfeição o ídolo, tanto com os trejeitos e posturas nos palco como as atitudes de Renato diante da vida.
Emocionante!
Aguce a vontade de assistir ao filme acompanhando uma das primeiras apresentações da banca com a música Será (do LP Legião Urbana/1985).
Fotos: divulgação
2 Comentários
deborah
maio 7, 2013 @ 18:58
Que bacana essa resenha, Maurício. Eu fui ver o filme e gostei. Senti falta de algumas músicas e também de saber um pouco mais da continuidade da história. mas o filme foca só o começo… Concordo com vc: o Thiago Mendonça está ótimo. Gostei muito também da atriz que faz a Aninha, a melhor amiga dele.
Maurício Mellone
maio 8, 2013 @ 14:45
Deborah, querida:
quem interpreta a Ana chama-se Laila Zaid, excelente atriz! Concordo.
A falta da continuidade da história é pelo período enfocado; por isto
q citei o documentário “Rock Brasília- Era de Ouro”, do diretor Vladimir Carvalho,
que faz um painel geral daquela época.
Muito obrigado pela visita
bjs e volte sempre q puder!