De Maurício Mellone em junho 20, 2018
O filme de estreia do diretor Rodrigo Bernardo, Talvez uma história de amor, baseado no romance homônimo do francês Martin Page, rompe com o modelo tradicional de comédia romântica justamente pela forma como narra a história do publicitário Virgílio, vivido por Mateus Solano. Metódico, preso à rotina e resistente a mudanças — usa celular antigo, vitrola de vinis e até secretária eletrônica —, Virgílio é surpreendido um dia ao chegar do trabalho e ouvir um recado de Clara (Thaila Ayala) na secretária eletrônica terminando o relacionamento deles. O inusitado é que o rapaz não sabe de quem se trata e com a ajuda da terapeuta, interpretada por Totia Meirelles, sabe que está com amnésia e que para se curar precisa descobrir o vínculo que tem com esta garota.
O prólogo do filme é com Virgílio correndo pelo saguão do aeroporto e, em off, ele discorre sobre como a vida é constituída de vários ‘talvez’. Corte e a trama começa com o cotidiano do rapaz: acorda, faz exercícios e vai trabalhar. Tudo feito de forma metódica, religiosamente igual, dia após dia. Naquela manhã, chega à agência com antecedência para uma reunião com o cliente e graças a sua ideia a campanha publicitária é aprovada. Sua gerente, interpretada por Elisa Lucinda, quer promovê-lo, mas Virgílio recusa a oferta e pede que a promoção seja para o companheiro de equipe, seu amigo Otávio (Marco Luque).
A rotina de Virgílio, até então, estava sendo mantida, até o momento de ouvir o recado de Clara. Ele faz a secretária eletrônica repetir várias vezes a mensagem e como não se lembra da garota, começa a ficar desesperado: pensa que está ficando louco e que vai morrer. No entanto, tenta reconstituir sua história recente e para isto procura as pessoas que conhecem Clara ou que tenham informações sobre ela. Busca amigas em comum e até o irmão da antiga namorada, vivido por Paulo Vilhena, que diz que Clara aceitou o convite para trabalhar em Nova York. Sua vizinha, a jovem Kaly (Bianca Comparato), sugere que a única solução para o seu problema é tirar tudo a limpo, numa conversa olho no olho com a amada. Virgílio, que já está com a vida completamente desestruturada, resolve aceitar a sugestão e parte em busca de Clara, mesmo tendo de romper sua vida rotineira.
Com uma história simples e roteiro (assinado por Ben Frahm e pelo diretor) bem estruturado, Talvez uma história de amor cativa o espectador graças ao carisma e interpretação comovente de Mateus Solano: o ator faz bela composição para aquele rapaz meticuloso, chato e ao mesmo tempo envolvente. Destaque ainda para as lindas imagens de São Paulo e Nova York (tomadas aéreas) e para as participações de Thaila Ayala, Bianca Comparato e Marco Luque.
Fotos: divulgação
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