A Mecânica das Borboletas: texto inédito retrata conflito de irmãos

De em abril 25, 2012

Suzana Faíni vive a mãe dos gêmeos interpretados por Eriberto Leão e Otto Júnior

O argumento de A Mecânica das Borboletas, em cartaz no Teatro Anchieta/SESC Consolação, nasceu depois que o dramaturgo Walter Daguerre passou uma temporada numa fazenda gaúcha em que os afazeres eram somente os rurais e campestres, nada da vida urbana e tecnológica. Estes opostos (urbano/rural, digital/analógico) motivaram o autor a criar os gêmeos Rômulo e Remo, interpretados respectivamente por Eriberto Leão e Otto Júnior, que encarnam ideais de vida opostos e ao mesmo tempo muito próximos e inconciliáveis: a liberdade que o mundo oferece e a responsabilidade em cuidar da família. Rômulo deixa o lar e se aventura pelo mundo, tornando-se um escritor de sucesso; já Remo assume a oficina mecânica deixada pelo pai após sua morte, casa-se e cuida da mãe, que ficou perturbada com tantas perdas. A volta do filho pródigo provoca atritos e uma reviravolta no destino de toda a família.
Num cenário criativo — assinado por Carla Berri e pelo diretor Paulo de Moraes— em que a oficina, a cozinha e o jardim da casa se misturam como acontece nas relações familiares que se entrelaçam, a chegada de Rômulo desestrutura o ambiente. Como ficou 20 anos longe da cidadezinha do interior, no sul do país, não sabe da morte do pai e muito menos que a mãe, interpretada com esmero e sensibilidade por Suzana Faíni, hoje vive entre a realidade e a fantasia que criou para si. No entanto, o maior conflito é com o irmão: o ideal pela aventura é comum em ambos, mas Remo precisou assumir a chefia da casa e direcionou o desejo de viajar na construção de uma moto Harley Davidson, que permanece parada pela falta de uma única peça, a borboleta do carburador.

Rômulo (Eriberto) e Remo (Otto) fazem acerto de contas para prosseguirem suas vidas

O atrito entre os irmãos se acirra ainda mais quando Rômulo descobre que o irmão casou-se com sua antiga namorada Liza (Bel Kutner). Perdas, frustrações, culpas, cobranças, amor, raiva, enfim uma gama de sentimentos é o que os gêmeos e Liza (o terceiro vértice do triângulo) precisam digerir para prosseguir na trajetória da vida.
Entre os destaques de A Mecânica das Borboletas, ressaltaria a iluminação de Maneco Quinderé que valoriza cada detalhe do cenário e o clima de animosidade e interação entre os dois irmãos. A interpretação de Suzana Faíni para a perturbada Rosália é comovente e Eriberto Leão sabe levar seu carisma para a composição do escritor que volta para as suas raízes com a intenção de dar novo salto em sua vida afetiva e profissional.

Fotos: Guga Melgar


Deixe comentário

Deixe uma sugestão

    Deixe uma sugestão

    Indique um evento

      Indique um evento

      Para sabermos que você não é um robô, responda a pergunta abaixo: