De Maurício Mellone em março 6, 2014
Baseado em história real e com roteiro de John Ridley — levou a estatueta de roteiro adaptado —, 12 anos de Escravidão conta a história de Solomon Northup, interpretado por Chiwetel Ejiofor, um homem livre que vivia com a família em Nova York e cai numa grande cilada. Como tocava violino muito bem, Solomon aceita um convite para uma apresentação em Washington: viaja com dois homens que se mostram simpáticos, mas que na verdade articulam a sua venda como escravo; eles embebedam o rapaz, que acorda já numa prisão, sem documentos. Depois de ser torturado, Solomon é vendido e levado para o sul do país, para trabalhar numa fazenda. A prisão e venda de Solomon ocorre em 1841, duas décadas antes da Guerra Civil Americana, entre os Estados sulistas aristocratas e escravagistas e os Estados do norte, industrializados e abolicionistas. O drama vivido por Solomon durou 12 anos, até conseguir ajuda do marceneiro Bass, um canadense vivido por Brad Pitt, que prestou serviço na fazenda e depois contou toda a saga do negro para os amigos dele de Nova York.
Em duas horas e quinze minutos de projeção não há trégua ao espectador, que vê as atrocidades vividas pelos escravos naquela época. Solomon é obrigado a omitir sua história de vida, ganha até novo nome e precisa lutar tanto para sobreviver como para manter sua dignidade. O silêncio e a omissão passam a ser suas armas, diante de tanta violência e opressão vividas na fazenda de Edwin Epps (Michael Fassbender). Além da humilhação e maus tratos, os negros ainda eram explorados sexualmente: Epps não escondia de ninguém (nem da esposa) que seviciava Patsey, interpretada por Lupita Nyong’o (ganhadora do Oscar de atriz coadjuvante).
Com uma fotografia impactante e interpretação vigorosa e visceral (principalmente de Chiwetel Ejiofor e Lupita Nyong’o), 12 anos de Escravidão
denuncia o horror da escravidão dos séculos passados — o Brasil foi um dos últimos países a abolir o trabalho escravo —, mas é um alerta contra a discriminação e o preconceito ainda muito presentes nas sociedades contemporâneas. Um exemplo do desrespeito e racismo foi a prisão recente de Vinícius Romão de Souza, um jovem negro carioca, que confundido com um ladrão, ficou preso duas semanas. Só conseguiu sua liberdade graças ao apoio e gritaria de amigos e familiares que usaram as redes sociais para denunciar a injustiça.
Fotos: divulgação
2 Comentários
naneteneves
março 7, 2014 @ 10:28
Filme emocionante sobre um tema que deveria ser apenas histórico, mas infelizmente se mantém atual. Muito bom o teu link com o caso do rapaz do Rio, perfeito exemplo de racismo.
Maurício Mellone
março 7, 2014 @ 14:24
Nanete:
Fiquei horrorizado com a prisão do rapaz no Rio e como tinha acabado
de assistir ao filme, o link foi necessário!
Bjs, querida!