De Maurício Mellone em setembro 23, 2022
Filme épico dirigido por Gina Prince-Bythewood, A Mulher Rei, que acaba de estrear e está em cartaz no ETC Moviemax, é protagonizado pela premiada atriz norte-americana Viola Davis e retrata as ações do exército do reino de Daomé, que realmente existiu até o século XIX, formado somente por mulheres.
Com roteiro assinado pela diretora em parceria com Dana Stevens, a trama se passa em 1823, período em que o tráfico de pessoas escravizadas da África era intenso e Nanisca (Viola) lidera as guerreiras, chamadas de Agojie, contra as invasões ao reino de Daomé e tenta convencer o rei Gheso (John Boyega) de encerrar o tráfico humano em troca do incentivo e crescimento da agricultura.
O filme começa com uma ação noturna das guerreiras Agojie, que exterminam um exército invasor, constituído de homens. Elas retornam da batalha, são reverenciadas pelo povo ao chegarem (todos abaixam a cabeça em sinal de respeito) e cumprimentadas pelo rei Ghezo. Nesta apresentação, a diretora do filme faz questão de explicitar os rituais do reino de Daomé e as normas rígidas do exército feminino: ao entrar para o grupo elas têm de abdicar de sua vida pregressa.
Em meio às comemorações da vitória das Agojie, o drama de Nawi (Thuso Mbedu) vem à tona: a garota se recusa a casar com um homem mais velho e agressivo e o pai dela, revoltado, a entrega para o rei. Nawi se alegra em poder participar da seleção para integrar o exército e a trama passa a ser conduzida pelo olhar desta garota. Nawi recebe orientações de Izogie (Lashana Lynch) e não mede esforços para vencer a disputa para se tornar uma Agojie.
Como na época o tráfico humano era a grande moeda de troca entre os reinos, Nanisca procura conscientizar o rei Ghezo de que Daomé poderia viver da agricultura e do comércio do dendê ao invés da vendas de seus irmãos. No entanto, os povos inimigos e os invasores não davam trégua e as Agojie são convocadas a lutar e defender a liberdade do reino Daomé.
O roteiro parte de um fato real — a existência de um exército feminino, já que a maioria dos homens era comercializada pelo tráfico —, mas cria uma trama emocional envolvendo o passado de Nanisca e, principalmente, que enaltece o poder da mulher negra. As cenas de guerra são fortes e exigem o máximo das guerreiras. Assisti ao filme na sessão de estreia da sala de exibição e fiquei emocionado com a reação festiva do público feminino na cena de coroação de Nanisca; quando as luzes se acenderam minha alegria só aumentou, pois muitas das espectadoras eram mulheres pretas, de várias idades!
Viola Davis, que esteve no Brasil para divulgar o filme e seu livro biográfico, Em busca de mim, tem uma atuação brilhante. Destaque ainda para Thuso Mbedu, que dá vida à arrogante Nawi que se torna uma valente guerreira, além de John Boyega na pele do imponente rei e de Sheila Atim e Lashana Lynch, que interpretam veteranas soldadas.
Fotos: divulgação
4 Comentários
Dinah Sales de Oliveira
outubro 3, 2022 @ 17:15
Oi Maurício,
Sua resenha vem reforçar o que venho ouvindo sobre o filme, que a atuação das ‘guerreiras’ e o filme como um todo é muito bom.
E bacana a reação do público pernambucano, em especial das mulheres.
Tá na lista.
beijos,
Dinah
Maurício Mellone
outubro 3, 2022 @ 18:20
Dinah, querida:
Tenho certeza q vc vai amar o filme.
Depois me conte sobre a reação da plateia
Beijos, saudades
Nanete Neves
setembro 24, 2022 @ 09:49
Depois desta resenha, tenho que assistir. É até um ato político. Parabéns
Maurício Mellone
setembro 25, 2022 @ 09:31
Nanete, querida:
tenho certeza q vc vai adorar!
Tomara q a plateia se manifeste também
no dia em que vc for assistir!
Beijos, saudades querida