De em julho 24, 2012
Sem ser piegas ou melodramático, Até a Eternidade faz uma radiografia de cada um dos amigos que decidem manter a tradicional viagem de férias durante o verão mesmo depois do grave acidente que um deles sofre. Como Ludo (Jean Dujardin) permanece na UTI e eles podem fazer muito pouco pelo amigo, o grupo decide pela viagem. Todos se conhecem muito bem, mas em função do estado de saúde de Ludo e da presença da morte perto de cada um deles, o período de férias torna-se uma verdadeira terapia coletiva. As verdades de cada um do grupo de amigos vêm à flor da pele, as máscaras caem e ao final todos estarão transformados.
O filme começa numa casa noturna e depois de muito álcool e drogas, Ludo resolve voltar pra casa; no caminho, acontece o acidente que vai interferir na vida de seus amigos. A dúvida passa pela cabeça de todos: ficar ao lado dele no hospital ou manter o projeto da viagem que todos os anos o grupo faz para a casa de praia de Max e Véronique (interpretados por François Cluzet e Valérie Bonneton). A decisão é unânime: visitam o amigo e partem para as férias.
O que poderia ser uma trama fútil e insossa, aos poucos o diretor, que assina também o roteiro, vai aprofundando as questões que envolvem os personagens. Sem que o público se dê conta, cada personagem tem sua vida posta em cheque, paulatinamente. A câmera parece que mergulha nos problemas de cada um deles.
O primeiro tema polêmico é a atração que Vincent (Benoît Magimel) confessa ter pelo anfitrião: um dia antes da partida, eles almoçam juntos e Vincent abre seu coração, para desespero de Max. A partir daí, a relação deles vira um conflito só. Antonie (Laurent Lafitte), que vive atormentado por ter levado um fora da namorada, quer saber a opinião de todos sobre sua relação. Marie, vivida com brilhantismo por Marion Cotillard, vê seu mundo desabar: antiga namorada de Ludo, durante as férias encontra uma ex-namorada e o namorado atual aparece sem avisar; ela está grávida e não sabe o que fará de sua vida. Vive uma verdadeira revolução emocional. Max, além de não saber lidar com os sentimentos de Vicent por ele, deixa transparecer seu lado mais metódico e irritadiço na frente de todos, inclusive com a mulher, os filhos e o afilhado, filho de Vicent. Eric (Gilles Lellouche) é outro que nas férias passa por uma reviravolta interior: galanteador inveterado, o rapaz não se conforma quando a namorada resolve abandoná-lo de vez.
É desta forma que a trama, um tanto quanto confusa e caleidoscópica, envolve e emociona o espectador. As cenas finais são arrebatadoras e dificilmente o espectador não derrama lágrimas. Eu precisei me recompor no banheiro após a exibição, de tanto que chorei!
Além de atores afinados e em total sintonia e um enredo comovente, Até a Eternidade discute, com propriedade e bom humor, temas do cotidiano do homem do século XXI: como lidar com o prazer, o desejo, a traição e, principalmente, a amizade. Destaque também para a trilha sonora eclética, que vai desde Janis Joplin e David Bowie a Bem Harper e clássicos dos anos 70.
Fotos: divulgação
2 Comentários
Ronny Martins
julho 25, 2012 @ 19:34
Maurício,
Excelente resenha de um excelente filme, que além de tudo que você comentou, aborda questões importantes da nossa geração como o individualismo, a sexualidade, as drogas, o materialismo, etc. Leve, profundo e emocionante. Excelente entretenimento!
Maurício Mellone
julho 26, 2012 @ 15:54
Ronny:
Fico contente que tenha gostado da resenha; este filme francês é realmente impactante e
e extremamente contemporâneo, como vc salienta.
Obrigado pela visita e volte sempre!
abr