De Maurício Mellone em novembro 4, 2013
Em cartaz somente até domingo, dia 10 de novembro, no Teatro Augusta, sala experimental , Noturno, que Dinah Perry, responsável pela direção, concepção e coreografia, define como espetáculo coreográfico. Tendo em cena somente duas bailarinas atrizes — Ana Carolina Barreto e Marina Mancini Lima —, a performance une dança contemporânea e teatro e trata de questões que afetam o homem desde sempre: o amor, ou a falta dele, e a sua consequência, a solidão. Para tanto, Dinah sedimentou seu espetáculo em dois clássicos da cultura universal: a poesia de Fernando Pessoa e a música de Frederic Chopin.
“Num tempo em que atitudes pessoais e sociais ainda são rotuladas e preconceituosas, o espaço lírico de cada um fica sufocado. É isto que a dança busca potencializar dentro do universo de cada poema de Pessoa”, explica a diretora Dinah Perry.
Ao descer as escadas para a sala de espetáculos, o público já se depara com as duas atrizes/bailarinas devidamente posicionadas. Elas iniciam a coreografia, sempre com movimentos repetitivos, e só depois introduzem as falas, que são trechos de poemas do português Fernando Pessoa.
…“De tanto ser/
só tenho alma.”
A repetição da coreografia é enfatizada com a chegada da palavra: cada atriz fala o poema da sua maneira, com um tom e eloquência próprios, o que abre o leque de interpretação para a mesma poesia e os mesmos movimentos coreográficos.
…“Sou vil, sou reles, como toda a gente/
Não tenho ideais, mas não os tem ninguém./
Quem diz que os tem é como eu, mas mente./
Quem diz que busca é porque não os tem.”
Espetáculo sensível e vigoroso, com forte interação das atrizes bailarinas. Dinah Perry nem bem encerra a temporada de Noturno e já anuncia nova produção, Divas, que deve estrear no próximo dia 15, em curta temporada, só um mês, no próprio Teatro Augusta. Confira!
Fotos: Arnaldo J.G. Torres
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