Mostra: O Pasquim 50 anos, foto 1

O Pasquim 50 anos: mostra sobre a história do irreverente tabloide

De em janeiro 9, 2020

Mostra: O Pasquim 50 anos, foto 1

Sig, ratinho criado por Jaguar, é o mestre de cerimônia da exposição

Nada mais adequado hoje, em que o presidente da república ofende a imprensa brasileira, do que visitar a exposição O Pasquim 50 anos, em cartaz no Sesc Ipiranga, que comemora o cinquentenário da primeira edição do tabloide de humor que revolucionou a imprensa do país e com ironia e sarcasmo contestou a ditadura militar brasileira.

 

Com curadoria de Zélio Alves Pinto e Fernando Coelho dos Santos, a mostra está distribuída em diversos espaços da unidade do Sesc. Assim, o visitante tem a chance de conhecer um pouco mais da trajetória de duas décadas de O Pasquim (de 1969, meses após a promulgação do AI-5, até 1991), com reproduções das principais capas do jornal, totens dos jornalistas e cartunistas espalhados no jardim, além de salas que procuram trazer o clima da redação, com inúmeras edições dispostas em rotativas que podem ser manuseadas, trechos de entrevistas dos responsáveis pelo jornal (inclusive sobre a prisão deles), o lado ativista do veículo em prol das liberdades democráticas até charges hoje consideradas preconceituosas e ofensivas.

 

 

Mostra: O Pasquim 50 anos, foto 2

Reprodução da primeira edição de O Pasquim, 26/06/1969

No bem elaborado catálogo da mostra, o jornalista Sérgio Augusto (também colaborador do jornal) lembra que O Pasquim, nos 22 anos de vida, foi bancado pelos próprios jornalistas:

 

“Assumidamente nanico, moleque, paroquial e abusado, o jornal nasceu sob a suspeita de que duraria pouco. Mas aos trancos e barrancos, é verdade, durou até mais que o regime militar, sob o qual nasceu e floresceu”, explica Sérgio Augusto.

 

 

Ao chegar à área de convivência, o visitante da mostra se depara com reproduções das principais capas do jornal, com textos que esclarecem cada momento vivido pelo jornal. Nas janelas de todo o espaço estão fixadas charges e cartuns publicados. No centro da sala há uma mesa com vitrolas em que é possível ouvir os discos em vinil lançados com o selo do jornal: são álbuns com anedotas contadas por Chico Anysio, Ziraldo, Zé Vasconcelos e lançamentos, como os LPs de Tom Jobim, Caetano Veloso, João Bosco dentre outros.

 

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Totens com 33 colaboradores do jornal

Ao sair para o jardim, outras reproduções de capas, estas em tamanho ampliado em que o visitante pode não só constatar o tom sarcástico do veículo como sua arrojada proposta gráfica. Antes de chegar às outras salas da mostra, há os 33 totens que representam os mais de 4 mil colaboradores do jornal; lá estão os fundadores, como Jaguar, Ziraldo, Tarso de Castro, Claudius, assim como Henfil, Luiz Carlos Maciel, Millôr Fernandes, Fortuna, Olga Savary, Ivan Lessa, Sérgio Cabral, Paulo Francis e Nani.

 

 

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Reprodução da redação do jornal

 

No Galpão está reproduzida a redação do jornal, com uma mesa grande ao centro, duas máquinas de escrever (o visitante pode escrever suas impressões); nas laterais estão as rotativas (podem ser manuseadas) com diversos trabalhos do semanário carioca. Há ainda um breve perfil dos principais colaboradores, com histórias que podem ser ouvidas pelos fones distribuídos no ambiente.

 

 

 

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Páginas eram censuradas

 

 

 

Em 1970 vários dos jornalistas de O Pasquim foram presos e o jornal não podia informar o fato. Inicialmente seriam duas semanas, mas foram dois meses de prisão (da edição 74 até a 80). A alternativa encontrada foi a de que eles estavam com gripe: na mostra há um espaço sobre a prisão, A Gripe do Pasquim, com beliches e grades e vídeos em que Ziraldo e Jaguar contam sobre este período, além de reproduções de algumas páginas do jornal que foram censuradas.

 

 

 

 

 

 

 

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O tabloide foi sempre contra a ditadura

O tabloide de tiragem semanal, com humor, ironia e sarcasmo, teve forte atuação política. Na sala Pasquim Ativista há inúmeras tabuletas e placas com slogans reivindicatórios, em que fica clara a posição do jornal contrário ao regime autoritário e a favor das liberdades democráticas, das minorias e da liberalização dos costumes.
No entanto, o jornal sempre foi moleque e sem limites: na sala Pasquim Incorreto estão charges que precisam ser vistas com lentes do passado, pois são obras que hoje podem ser consideradas misóginas, preconceituosas e ofensivas.

 

 

 

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Totem com Henfil, Jaguar, Tarso e Sérgio Cabral

Voltando ao jardim, o visitante tem acesso à Praça de Ipanema (bairro carioca, berço do tabloide), um agradável local de convivência, com mesas, bancos e onde também estão 12 histórias sobre o jornal, em forma de quadrinhos, criadas especialmente para a mostra por talentosos desenhistas. O Sesc oferece ainda visitas monitoradas e oficinas, que podem ser agendadas.
A mostra O Pasquim 50 anos — além de um passeio sobre a trajetória do jornal carioca —, propicia uma reflexão sobre um período de repressão, tortura e autoritarismo que o Brasil presenciou durante o regime militar (1964 a 1985). Que a exposição também sirva de alerta: truculência, censura e totalitarismo devem ser combatidos SEMPRE!

 

 

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Roteiro:

O Pasquim 50 anos. Mostra sobre o periódico que marcou o jornalismo do país. Curadoria: Zélio Alves Pinto e Fernando Coelho dos Santos. Expografia:  Daniela Thomas. Fotografia: José Barreta
Serviço:
SESC Ipiranga (diversos espaços da unidade), Rua Bom Pastor, 822, tel. 11 3340-2000. Horários: de terça a sexta das 9h às 21h30; sábado das 10h às 21h30 e domingo das10h às 18h30. Ingressos: gratuitos. Temporada: até 12/04/20.

Fotos: José Barretta/divulgação


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