Petra: Bete Coelho encarna no palco personagem clássico de Fassbinder

De em julho 19, 2024

 

Bete Coelho protagoniza o espetáculo e dirige em parceria com Gsbriel Fernandes

 

 

 

A atriz e diretora Bete Coelho encara mais um desafio em sua carreira: acaba de estrear no Teatro Cacilda Becker, em temporada popular, a personagem ícone da dramaturgia mundial, a protagonista do filme e da peça teatral As lágrimas amargas de Petra Von Kant, do cineasta e dramaturgo alemão Rainer Weber Fassbinder.

 

 

Na pele da estilista Petra, Bete — que dirige o espetáculo em parceria com Gabriel Fernandes — divide o palco com mais seis atrizes (Luiza Curvo, Lindsay Castro Lima, Clarissa Kiste, Renata Melo, Miranda Diamant Frias e Lais Lacôrte), neste drama que desvenda as dificuldades destas mulheres em lidar com o amor, muitas das vezes não correspondido ou deturpado pelas relações de poder, diferenças de idade, condições sociais ou desequilíbrio intelectual.

 

 

 

 

Casal central: Luiza Curvo é Karin e Bete Coelho, Petra

 

 

Primeiramente, na década de 1970, Fassbinder levou seu texto para o cinema, estrelado pelas atrizes Margit Carstensen e Hanna Schygulla nos papéis da estilista Petra e da modelo Karin. No Brasil, o texto As lágrimas amargas foi montado no teatro em 1984, com tradução de Millôr Fernandes, direção de Celso Nunes e os papéis centrais defendidos por Fernanda Montenegro e Renata Sorrah.

 

 

 

Nestas primeiras versões com certeza o impacto maior do texto de Fassbinder era para a visibilidade do amor entre duas mulheres e o tratamento despojado e provocador dado à relação entre elas. De um lado uma mulher madura, profissionalmente reconhecida e com posses e de outro uma garota, simples, sem grandes instruções, mas que almeja a fama e o glamour. Na montagem atual, mais do que revelar o amor entre a poderosa Petra (Bete) e sua pupila Karin (Luiza Curvo), a direção dá ênfase ao emaranhado sentimento amoroso e tudo o que ele provoca nas pessoas, independente da identidade sexual, hetero ou homossexual.

 

 

 

 

 

 

 

 

“O texto ultrapassa as marcas setentistas e continua atual. As louváveis intenções feministas e provocações políticas do autor à época continuam relevantes nos dias de hoje, mas é o desconforto decorrente das relações humanas e suas frustrações que funciona como principal ponto de identificação com o espectador”, argumenta Bete Coelho.

 

 

 

 

 

Luiza, Bete e Lindsay Castro Lima

 

 

Petra logo se interessa por Karin, que se alegra com a possibilidade de ascensão social. Com o súbito sucesso, a jovem modelo fica deslumbrada e despreza o amor da famosa estilista. A cena em que Petra se humilha diante da garota, suplicando atenção e carinho é típica das relações amorosas, principalmente se entre os cônjuges há diferenças sociais, financeiras e intelectuais. Este conflito do casal me remeteu a outros dois textos, Cenas de casamento, de Ingmar Bergman, montado no Brasil em 1996, com Regina Braga e Tony Ramos, e Para Sempre/1997, de Maria Adelaide Amaral, com Paulo Autran e Celso Frateschi: o desprezo de um e a humilhação de outro são comuns na relação amorosa, sejam entre heterossexuais, lésbicas ou gays.

 

 

 

 

 

 

Interpretação marcante de Bete Coelho

 

 

 

Ao lado do texto provocador de Fassbinder e da direção que valoriza a atuação das atrizes, Petra se destaca pelo suntuoso cenário, todo espelhado, assinado por Daniela Thomas e Felipe Tassara, o figurino luxuoso e criativo de Renata Correa e a brilhante interpretação de Bete Coelho; as cenas em que sua personagem primeiro se humilha e depois cai em si, retomando a vida, emociona a todos. A participação de Laís Lacôrte, que canta ao vivo, acompanhada do pianista Fábio Sá, também deve ser ressaltada. O espetáculo fica em cartaz até o início de agosto, não perca.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Roteiro:
Petra
. Texto: Rainer Werber Fassbinder. Tradução: Marcos Renaux. Direção: Bete Coelho e Gabriel Fernandes. Elenco: Bete Coelho, Luiza Curvo, Lindsay Castro Lima, Clarissa Kiste, Renata Melo, Miranda Diamant Frias e Lais Lacôrte. Cenário: Daniela Thomas e Felipe Tassara. Direção Musical: Felipe Antunes e Fábio Sá. Figurino: Renata Correa. Iluminação: Beto Bruel. Fotografia: Luiza Ananias. Produção executiva: Mariana Mantovani. Direção de produção: Lindsay Castro Lima. Produção: Cia BR116- Teatrofilme.

Serviço:
Teatro Cacilda Becker (198 lugares), Rua Tito,295, tel. 11 3864-4513. Horários: de quarta a sábado, às 21h; domingos às 19h. Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (quarta entrada gratuita). Vendas: Sympla e bilheteria. Duração: 80 min. Classificação: 14 anos. Temporada: até 07 de agosto/2024.


2 Comentários

Edson Rocha

julho 21, 2024 @ 14:06

Resposta

Olá, estou tentando falar com o teatro Cacilda Becker pra reservar dia ingressos pra hoje – 28/07, e não estou conseguindo falar com ninguém do teatro.

Como faço pra reservar dia ingressos?

Abç

Maurício Mellone

julho 23, 2024 @ 14:11

Resposta

Edson:
Fui conferir e o telefone do Teatro Cacilda Becker é
(11) 3864-4513
Tente em horário comercial.
Vá assistir Petra, vc vai gostar.
Abrs

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