Filme: O Que Se Move, foto 1

O Que Se Move: primeiro longa de Caetano Gotardo sobre histórias reais

De em maio 30, 2013

Filme: O Que Se Move, foto 1

Cida Moreira vive uma professora, mãe de um garoto que se suicida

O surpreendente do filme de estreia do diretor e roteirista Caetano Gotardo, O Que Se Move, é a forma de narrar histórias baseadas em fatos reais veiculados pela imprensa. Mais do que conhecer o drama de três mães paulistanas que passaram por perda de filhos, o longa envolve o espectador não pelo choque do acontecimento narrado, mas pela maneira sutil, delicada e poética de apresentar o desfecho de cada história; a cena final das tramas é com a mãe cantando o seu drama particular. Este recurso narrativo une as histórias.
Adolescente se suicida pulando da janela do quarto. Bebê morre asfixiado no carro do pai. Adolescente conhece os pais biológicos depois de 16 anos.
Geralmente o leitor passa pela notícia ou por este tipo de manchete sem se ater ao drama que está por trás daquele fato. O que o diretor Caetano Gotardo fez com estas manchetes foi humanizar e dar vida a cada um destes personagens, sem qualquer tipo de julgamento.

 

Filme: O Que Se Move, foto 2

O diretor Caetano Gotardo assina também o roteiro e as letras das canções do filme

“Queria imaginar os personagens ao redor dos fatos duros e tentar me aproximar deles. Não queria condenar os personagens a essa dor, ter um olhar fatalista sobre a tragédia. Queria a possibilidade de lirismo e de transbordamento dessas sensações”, explica Gotardo.

 

 

Na primeira história, Cida Moreira é uma professora, mãe de dois filhos e que se prepara para voltar às aulas depois das férias. O seu caçula, interpretado por Wandré Gouveia, aproveita o último dia de folga e passeia no Parque do Ibirapuera. Na manhã seguinte, a família é surpreendida com a chegada de policiais que investigam caso de pedofilia; o garoto pede para se trocar no quarto e comete o suicídio.
Na segunda trama, duas mães alegres na cozinha preparam o almoço; uma delas (Andrea Marquee) comenta que é seu primeiro dia de férias; paralelamente, o marido, numa interpretação tocante de Rômulo Braga, está perturbado no seu ambiente de trabalho. Angustiado a manhã toda, resolve procurar o médico e ao sair percebe que esqueceu o bebê no banco traseiro do carro.

Filme: O Que Se Move, foto 3

Fernanda Vianna ganhou o Kikito de melhor atriz do Festival de Gramado/12

 

A última história traz um casal, interpretado por Fernanda Vianna e Henrique Schafer, preparando-se para sair. Ambos estão nervosos, mas conseguem chegar ao restaurante, onde encontram um grupo de pessoas. Nesta hora uma senhora apresenta o filho, de 16 anos, para os dois e a verdade vem à tona. O garoto é o filho biológico deles, que desapareceu do hospital no primeiro dia de vida.
O ritmo narrativo de O Que Se Move é pausado, com diálogos entrecortados de silêncio, o que propicia o mergulho no universo psicológico de cada personagem. O jovem diretor domina a técnica de se contar uma história de maneira simples e comovente. Destaque ainda para as interpretações cativantes tanto das atrizes que vivem as mães — Cida, Andrea e Fernanda—, como dos atores que dão vida aos pais, Dagoberto Feliz, Rômulo e Henrique. No Festival de Gramado/2012, Fernanda Vianna levou o Kikito de melhor atriz.

Fotos: divulgação

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2 Comentários

Sharon Hood

junho 15, 2013 @ 00:20

Resposta

Sinto que o filme aborda todos os personagens de maneira parecida, não havia um olhar diferente sobre estas mães em relação a todos os outros. Fundamental para isso foi não retornar às notícias reais na hora de escrever o roteiro: eu fiquei só com aquela lembrança distante dos fatos, mas queria construir algo de novo a partir disso. Nunca reli essa pasta dos “recortes”. Não me preocupava me aproximar ou não desta imagem anterior que se tem da “mãe sofredora”. Houve um momento do roteiro, por exemplo, em que eu mostrei um tratamento para o Marco e ele me disse que não entendia porque não era o pai [Romulo Braga] que cantava, na segunda história. Ali, é como se nada no roteiro desse à mãe o direito de cantar o final, ao invés do pai. A partir disso eu criei aquela cena em que a mãe [Andrea Marquee] está sozinha na cozinha na manhã seguinte. Era também o pai que contava à mãe toda a história do filho morto no carro, e na versão final do filme é o contrário. É como se, a partir do acontecimento, a mãe tomasse o controle da história. Como modo de sobrevivência, inclusive: ela assume para si a condução daquele drama, a proteção daquele marido, da memória do filho, e com isso ela ganha o direito de cantar. Era a dramaturgia que ia pedindo estas decisões, mais do que um conceito anterior que valesse para todos.

Maurício Mellone

junho 17, 2013 @ 11:58

Resposta

Caetano
(como vc assina o comentário com um pseudônimo,
sinto-me no direito de respondê-lo diretamente. Tomara q
não esteja cometendo erro):
adorei a explicação do uso de canções para fechar
cada história. Recebi, via Face Book, um agradecimento do Henrique
por ter citado a bela interpretação dos pais. O drama não é só
vivido pela mãe, mas pelo casal.
Parabéns novamente pelo roteiro e o filme sensível.
abr

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