De em novembro 30, 2010
Uma história instigante e envolvente com um elenco de 12 atores afinadíssimos e de muito talento. Foi com essa impressão é que saí do espetáculo 12 Homens e uma sentença, que fica em cartaz no CCBB até 19 de dezembro.
Originalmente a história foi criada para uma série de TV dos EUA nos anos 50, mas ganhou, pelas mãos do ator Henry Fonda, uma versão para o cinema, com direção de Sidney Lumet. Só em 1963 chegou aos palcos do mundo, sempre com muito sucesso. E pela primeira vez é encenada no Brasil, graças aos produtores Ana e Mário Paz, que convidaram Eduardo Tolentino de Araújo para a direção.
No cinema histórias de júri sempre encantaram as platéias, com grandes embates entre advogados e promotores. No entanto, em 12 Homens e uma sentença tudo acontece numa sala reservada aos jurados. Aqui vale um esclarecimento: na Justiça brasileira, que é baseada na francesa, o veredicto é dado por maioria de votos dos jurados. Nos EUA, ao contrário, o veredicto é por unanimidade: só depois de um consenso é que se chega ao resultado do julgamento.
Esse é o mote central da peça de Reginald Rose, em que os jurados devem analisar se o garoto de 16 anos deve ser condenado pelo assassinado do pai.
Se houver alguma “dúvida razoável”, o júri tem de discutir até se chegar ao consenso. O jurado 8, vivido magistralmente por Norival Rizzo, dá o único voto pela absolvição e tem início uma série de embates entre os demais jurados. Provas apresentadas durante o julgamento são revistas, os depoimentos das testemunhas são questionados e a sala em que eles estão enclausurados vira uma verdadeira batalha campal!
Mais do que o caso de morte por facadas, o texto — muito bem articulado — traz indagações universais sobre culpa e inocência, certezas e dúvidas, além de questionar a democracia. Os preconceitos sociais também vêm à tona, com os jurados representando 12 cidadãos norte-americanos, das mais variadas posições, classes, ideologias e visões de mundo. Nesse clima tenso, em que o jurado 8 levanta suas dúvidas sobre a condenação do garoto, os demais jurados também se questionam e mudam de postura. Aqui é o grande destaque do espetáculo: o trabalho de ator é o que move a trama e envolve todo o público. E Eduardo Tolentino soube muito bem escolher o elenco: são 12 atores talentosíssimos que em momento algum deixam a peteca cair! Ao lado de Norival Rizzo, Genézio de Barros é seu antagonista, mas tem ainda José Renato (que volta aos palcos depois de anos), Riba Carlovich, Oswaldo Mendes, Eduardo Semerjian, André Garolli, Brian Penido, Ricardo Dantas, Augusto César, Marcelo Pacífico, Ivo Müller e Fernando Medeiros.
A peça termina a temporada no próximo dia 19, mas volta em 2011, de 12 de janeiro a 6 de fevereiro. Imperdível!
Foto: Zineb Benchkchou
4 Comentários
Fernando Mellone
janeiro 17, 2012 @ 11:05
Tive o prazer de assistir o espetáculo nesta última sexta-feira, 13/01, no Tucarena. Achei simplesmente incrível a forma como os atores envolveram a plateia no desenrolar da história. Comprei o filme por indicação de um professor da pós-graduação e agora resolvi também conferir a peça, uma verdadeira aula de negociação. Altamente recomendado!!!
Tio, parabéns pelo blog!
Maurício Mellone
janeiro 17, 2012 @ 14:10
Fernando:
Que grata surpresa a sua visita!
Os 12 Homens e uma Sentença é sensacional mesmo!
Ótimo q vc gostou tanto do espetáculo como do blog!
Estou pesquisando sua dica das agências online, depois te conto
bjs e volte sempre!
Rico
dezembro 1, 2010 @ 10:16
Parece muito boa mesmo! Já havia lido a respeito do filme, a discussão é sempre interessante, fiquei até curioso para ver os argumentos todos. Obrigado por mais uma dica boa.
Bjo
Maurício Mellone
dezembro 1, 2010 @ 14:11
Rico:
O texto foi originalmente concebido para TV e teve a versão para
teatro anos depois. Mas acho q no teatro a proposta do autor
funciona muito melhor. Se puder assistir, tenho certeza q vc vai
se envolver com as versões q cada jurado tem do caso.
bjs e obrigado pelas visitas constantes