Peça: Ator Mente, foto 1

Ator Mente: montagem reúne três peças curtas do inglês Steven Berkoff

De em junho 18, 2019

Peça: Ator Mente, foto 1

Elenco: Josemir Kowalick, Luciano Schwab, Norival Rizzo e Noemi Marinho

Depois de ter dirigido, neste semestre, A Catástrofe do Sucesso, reunião de três textos do norte-americano Tennessee Williams, o ator e diretor Marco Antônio Pâmio está de volta, agora assinando tradução e direção da montagem Ator Mente, em cartaz no Teatro Nair Bello, que une três peças curtas do dramaturgo inglês Steven Berkoff, de 81 anos e que também é ator e diretor teatral.

A montagem gira em torno de um ator desiludido com a profissão, interpretado por Norival Rizzo, que vive de pequenos papéis. No camarim, ele desabafa com um colega, vivido por Josemir Kowalick, e depois ambos interpretam uma história em que uma mãe conta ao filho pequeno uma história de terror. Após a sessão, o ator volta pra casa e a esposa, interpretada por Noemi Marinho, sugere que ele vá trabalhar como motorista de táxi. No entanto, ele apronta uma grande confusão com um taxista da agência, papel de Luciano Schwab.

 

As três peças curtas, formato que o dramaturgo aprecia, são independentes, mas o diretor criou a ligação entre elas, tendo o ator veterano como fio condutor:

 

“Os textos se ligam narrativamente por meio do ator no ocaso da carreira. Talvez Berkoff nunca tenha imaginado que, postas em sequência, as três peças revelariam a figura do ator na intimidade de seus espaços mais emblemáticos: o camarim, o palco e o próprio lar. As peças carregam a discussão de que a fama e o sucesso nem sempre andam de mãos dadas com uma profissão forjada em muito suor, lágrimas e alguma mentira. Afinal, Ator Mente”, provoca Marco Antônio Pâmio no programa da peça.

 

 

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Philips (Rizzo) e Bruce (Kowalick) se preparam no camarim

Ao entrar, o espectador já encontra Brian Philips (Rizzo) no camarim; logo Bruce (Kowalick) chega e inicia sua preparação, enquanto o amigo desabafa; reclama da falta de um agente que possa lhe proporcionar bons trabalhos como antes. Ambos concordam sobre as dificuldades da profissão, mas vão se maquiando, vestem o figurino e entram em cena: Philips é a mãe que, para fazer o filho dormir, conta-lhe uma história de terror. Novamente eles voltam ao camarim e trocam de roupa e saem. A próxima sequência é com Philips em casa, onde está com a esposa que cobra uma atitude diante da falta de trabalho mais bem remunerado. Ela sugere que o marido trabalhe algumas horas como taxista. Ele liga para uma agência e, ao invés de se submeter às regras, discute com o atendente. Minutos depois eles recebem uma ligação do mesmo homem, que começa a ameaçá-los e diz que está na frente da casa deles. Amedrontados eles deixam o motorista entrar e se estabelece uma implicada relação entre os três.

 

 

Com um cenário criativo de Duda Arruk em que os atores manipulam os poucos objetos e criam os ambientes cênicos, a montagem se vale muito da interpretação, com destaque para a versatilidade de Norival Rizzo, em cena nas três histórias, e pela sintonia que estabelece com os companheiros. Gratificante assistir à cumplicidade de Rizzo e Noemi Marinho, que comemoram 45 anos de parceria artística. Ressalto ainda a forma como Pâmio entrelaçou as peças de Berkoff, que trazem um tom melancólico e até depressivo — a maneira como trata o mercado artístico, principalmente aos atores mais velhos.

 

 

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Taxista e casal: relação implicada

 

Roteiro:
Ator Mente
. Texto: Steven Berkoff. Tradução e direção: Marco Antônio Pâmio. Assistente de direção: Thiago Ledier.  Elenco: Norival Rizzo, Noemi Marinho, Josemir Kowalick e Luciano Schwab. Cenário: Duda Arruk.  Figurino: Fábio Namatame. Iluminação: Caetano Vilela.  Trilha original: Gregory Slivar. Fotografia: Heloísa Bortz. Direção de produção: Daniel Torrieri Baldi e Selene Marinho.
Serviço:

Teatro Nair Bello (200 lugares), Rua Frei Caneca, 569, Shopping Frei Caneca, 3º piso, tel. 11 3472-2414. Horários: sexta e sábado às 21h e domingo às 19h. Ingressos: R$ 30 e R$15. Sessões com tradução em libras: 21, 22 e 23 de junho. Temporada: até 28 de julho.


2 Comentários

Jorge Tarquini

junho 19, 2019 @ 17:16

Resposta

Gostei muito do espetáculo e concordo com você, Mauricio: tudo funciona bem nessa “costura” que o Pâmio fez dos três textos. Para mim, o ponto alto é mesmo o encontro com Noemi, que sintetiza o que é preparado desde a conversa de camarim e a hilariante crítica ao fanatismo do segundo “quadro” (pena que possa haver quem enxergue nele algum tipo de preconceito ou intolerância religiosa, o que será uma imensa bobagem)

Maurício Mellone

junho 19, 2019 @ 17:37

Resposta

Jorge:
o Pâmio é sagaz ao juntar as três peças curtas de Berkoff, dando uma unidade
aos textos.
Muito obrigado por sua visita,volte outras vezes.
Um beijo

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