Livro: Assim na terra como embaixo da terra, foto 1

Assim na terra como embaixo da terra: livro premiado de Ana Paula Maia

De em fevereiro 20, 2019

Livro: Assim na terra como embaixo da terra, foto 1

A escritora Ana Paula Maia foi a grande vencedora do Prêmio São Paulo de Literatura/18

Natural da cidade de Nova Iguaçu/RJ, a escritora e roteirista Ana Paula Maia foi a grande vencedora do Prêmio São Paulo de Literatura/2018. Seu livro Assim na terra como embaixo da terra, lançado pela Editora Record, foi o escolhido como o melhor romance do ano.

Com uma linguagem direta e sem rodeios — talvez por sua experiência como roteirista —, Ana Paula prende a atenção do leitor logo nas primeiras linhas ao descrever o cotidiano assustador de uma colônia penal, tida como modelo de detenção já que nunca houvera fugas. Com poucos presos (chamados de apenados) e num clima aparentemente calmo, o leitor aos poucos vai percebendo o horror vivido naquele lugar.  Com apenas um carcereiro, Taborda, o comandante Melquíades mantém todos sob sua mira, literalmente. Em noite de lua cheia, o chefe liberta a tornozeleira do preso e ordena que corra; ele caça o preso como um javali, exterminando os apenados um a um.

Livro: Assim na terra como embaixo da terra, foto 2

Autora de 7  livros, Ana Paula é roteirista também

 

Com um título forte e capa, assinada por Leonardo Iaccarino, de grande impacto (título e nome da autora em alto relevo e a imagem da cabeça de um javali), a obra inicia mostrando o dia a dia das pessoas que esperam pela chegada de um oficial. Aos poucos se percebe que aquele local é uma colônia penal prestes a ser desativada, com apenas o comandante, um carcereiro e poucos presos, alguns deles encarregados das tarefas cotidianas. É o caso do velho Valdêncio responsável pela cozinha, Pablo o ajudante dele e Bronco Gil, um índio forte que invariavelmente é chamado para caçar.

O terror mesmo acontece em noite de lua cheia: remexendo no arquivo dos detentos, Melquíades escolhe um ou dois apenados e inicia o ritual de caça. Com mínima chance de fugir, os detentos buscam a liberdade depois de tirarem a tornozeleira, mas são brutalmente apanhados, como animais que correm para o abate. No dia seguinte, os presos que ainda sobrevivem são obrigados a enterrar seus ex-companheiros.  No sepultamento, os presos descobrem ossos antigos, que dizem se tratar de negros escravizados que tiveram o mesmo e doloroso fim.

 

 

“Temos nas páginas deste livro uma alegoria perfeita do estado de exceção. Seremos cativos de Assim na terra como embaixo da terra, não do mesmo modo como seus personagens, presos no absurdo que lhes coube em vida. A abjeta vida concreta submetida às instituições, nos tempos do encarceramento em massa, do cancelamento do valor da dignidade humana, não seria de algum modo nosso espelho?”, indaga Marcia Tiburi na orelha do livro.

 

Com um ritmo peculiar, direto e enxuto, o livro cativa o leitor, por mais que o tema central seja tão violento e agressivo. O final é surpreendente. A premiação a Ana Paula Maia foi mais do que merecida. Confira.

Livro: Assim na terra como embaixo da terra, foto 3

Obra lançada pela Editora Record

 

 

 


Ficha técnica:                                                         

Título: Assim na terra como embaixo da terra
Autora: Ana Paula Maia
Editora: Record,144 pgs
Preço: R$ 34,90

 

 

 

 

 

 

 

Fotos: divulgação

 


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