De em julho 22, 2011
Um retrato do universo feminino tendo como foco 15 anos na vida de três mulheres da mesma família, a mãe, sua filha e a neta. Esse o argumento da nova peça de Célia Forte, Ciranda, em cartaz no Teatro Eva Herz até 28 de agosto, com Tania Bondezan e Daniela Galli dando vida a essas três mulheres de gerações distintas.
Nesse segundo texto teatral, Célia Forte debruça-se novamente sobre o mundo feminino. Se em Amigas, pero no mucho a rivalidade entre quatro amigas (interpretadas por atores) era o mote central, dessa vez a essência da discussão fica para as diferenças de visão de mundo entre mãe e filha e como o destino provoca verdadeiras cirandas na vida das pessoas.
Tudo acontece na casa de Lena (Tania), uma mulher libertária que vive até hoje a filosofia hippie dos anos 60/70. O cenário de Fábio Namatame, que também responde pelo figurino, é rico em referência ao mundo psicodélico da moradora, o que deixa a filha Boina (Daniela) em pânico; as discussões entre elas são constantes. Boina (que odeia o nome dado pela mãe) é uma executiva bem-sucedida, casada com um americano e que tem uma filha pequena. Ela não entende a vida sem compromisso da mãe e sua eterna despreocupação com as finanças. Lena, por sua vez, adora a vida: tem sempre novos amores, bebe, fuma, se diverte. Mundos opostos, ou seja, mãe liberal e “bicho grilo” e filha conservadora e capitalista. Numa das ciladas do destino, elas são obrigadas a se separar e Lena passa a cuidar da neta. Passados 15 anos sem se verem, Boina volta para se reconciliar com Lena, mas a mãe já havia morrido e ela é obrigada a conviver com a filha, uma adolescente que reproduz o modo descompromissado de viver da avó.
As atrizes vivem personalidades opostas: no início o ponto de vista defendido por uma é atacado pela outra e na parte final a mesma atriz defende o que atacou no início da trama. Belo exercício de interpretação, em que tanto Tania como Daniela cumprem muito bem seus papéis, convencendo plenamente o público da verdade de seus personagens.
Gostaria de ressaltar dois argumentos do texto de Célia; o primeiro é a rivalidade feminina, muito comum na nossa sociedade. Parece que a mulher extrapola até a condição mãe e filha e vê na outra sempre uma rival. Entre pai e filho acredito que não haja tanta rivalidade como no mundo das mulheres. E outro ponto que me chamou a atenção na peça é quando a mãe confessa que não sabia “que já era o tempo da revisão”, do balanço de suas vidas. Será que temos noção do momento certo de revermos nossas convicções, nossas verdades, nossos sentimentos? Muitas vezes não sabemos a hora de ceder e desperdiçamos energia com brigas, intrigas e discussões. O entendimento e a chance de dizer ‘eu te amo’ muitas vezes escapam de nossas mãos!
Fotos: João Caldas
2 Comentários
sergiobruno
agosto 5, 2011 @ 21:39
Olá Mau,
Parabéns. Seu blog/site está super dinâmico e bonito!
Ótimos textos como sempre e muitas dicas legais.
Te adoro
Bruno
Maurício Mellone
agosto 8, 2011 @ 14:25
Bruno:
Que bom q vc gostou do novo visual do Favo do Mellone!
Venha sempre me visitar!
bjs e obrigado pela força!