De em dezembro 13, 2011
O filme começa com uma senhora cantando a capela e com muita emoção a canção Minha Namorada, de Vinícius de Moraes. Pronto, esse é o tom do novo documentário de Eduardo Coutinho As Canções, em que cada uma das 18 pessoas conta sua relação de vida com determinada canção popular. São homens e mulheres, de várias idades e classes sociais que, aos moldes de Jogo de Cena outro filme de Coutinho de 2007, entram num palco pela coxia, sentam-se diante do diretor que permanece fora de cena e começam seus relatos explicando como uma música entrou na história de sua vida.
Eduardo Coutinho e sua equipe entrevistaram 42 pessoas no Largo da Carioca, centro do Rio, e o diretor selecionou as 18 que estão no filme. As histórias são as mais variadas, mas a maioria gira em torno de casos de amor e lembranças de entes queridos. Segundo entrevista do diretor quando do lançamento do filme, as pessoas precisavam saber cantar minimamente: “Não com beleza, mas com força”. O que mais importou na hora da edição, de acordo com o diretor, foi a relação da música com a história pessoal relatada:
“Colhemos de tudo, até canções próprias. Só não tem funk, mas gostaria que tivesse”, explica Coutinho.
Na tela, as pessoas que estão no palco dando seus depoimentos se mostram calmas e com muita espontaneidade abrem seus corações ao diretor, que em algumas vezes para completar a ideia que está sendo desenvolvida faz mais uma ou outra pergunta e deixa a pessoa discorrer à vontade. E o público, graças a essa intimidade criada, se envolve de imediato. Há histórias hilárias, como a de um ex-comandante de navio comercial que confessa sem rodeios suas traições amorosas. Por outro lado, há depoimentos emocionados, com a descrição minuciosa do desenlace amoroso ou a perda do pai relatada por um jovem rapaz, que canta a canção que compôs como uma forma de pedir perdão, se desculpar. Numa das histórias, uma senhora admite que ao participar das filmagens sentiu-se aliviada, como se estivesse tirado um peso das costas. Pura catarse provocada pelo filme.
Dificilmente o espectador assiste ao filme passivamente. Como as canções cantadas na tela são muito conhecidas, quase todos cantarolam junto com o personagem do documentário. Com pouco recurso, em As Canções Eduardo Coutinho aprofunda seu método e filosofia de trabalho: desvenda histórias emocionantes de personagens encantadores. Simples, porém profundo e cativante.
Fotos: divulgação
4 Comentários
Fabíola
dezembro 27, 2011 @ 23:45
Acabo de assistir ao documentário. Um filme denso, lindo e muito emocionante. É pra ser guardado na memória!
Maurício Mellone
dezembro 28, 2011 @ 12:18
Fabíola:
Concordo com vc, este documentário é para se guardar na memória e no coração!
Obrigado pela visita, volte sempre!
Feliz ano-novo!
Paulo Aliende
dezembro 19, 2011 @ 12:37
Ainda não vi, mas já ouvi comentários bárbaros a respeito do filme. Paquito, do Terra Magazine, faz ótima resenha sobre o filme, relacionando-o com o novo álbum de Jussara Silveira, cuja resenha foi publicada aqui no seu blog. Te envio o link, pois acho que vc vai gostar de lê-la:
http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI5518894-EI6621,00-As+Cancoes+de+Eduardo+Coutinho+Jussara+Silveira+e+o+Cosmos.html
Abs,
Maurício Mellone
dezembro 19, 2011 @ 15:36
Paulo,
não deixe de assistir ao documentário do Coutinho, vc vai se emocionar. Obrigado pelo link, vou ler a resenha agora mesmo!
bjs