De em março 16, 2011
Como uma homenagem ao escritor Caio Fernando Abreu que faleceu há 15 anos, três rapazes — Kiko Rieser, responsável pela adaptação e dramaturgia, o diretor Chico Ribas e o ator Davi Kinski — criaram o espetáculo Lixo e Purpurina, que fica em cartaz no Espaço Cênico do SESC Pompeia até o dia 3 de abril.
A peça é uma coletânea de dois textos de Caio Fernando (Anotações sobre o amor urbano e o conto homônimo ao espetáculo) e relata as aventuras de um rapaz auto-exilado na Inglaterra dos anos 70. Com dificuldade financeira mas vivendo a efervescência cultural da época, ele vive em constante transformação emocional, do deslumbramento e euforia pelo novo, à solidão e depressão por estar longe da família, dos amigos e do país, que naquele momento estava na mais obscura e violenta ditadura militar.
Um dos destaques da montagem é a trilha sonora criada pelo diretor, que contribui para a construção do painel dos anos 70. No entanto, a densidade e o tom corrosivo dos textos de Caio exigem maior estofo e experiência de vida de quem o interpreta. Davi que tem apenas 22 anos, mesmo dizendo-se fã do autor, é inexperiente e tem pouca vivência. Senti a falta do vigor e da profundidade da obra do grande e saudoso Caio Fernando Abreu.
Fotografia: Raquel Espírito Santo
2 Comentários
Renata
março 16, 2011 @ 18:29
Mauricio Mellone,
Discordo de você fui assistir a peça e achei a sensibilidade do Davi nesta interpretação a flor da pele, só que ele não é a encarnação do Caio Fernando Abreu e sim um interprete destes dois contos, teve trechos que me emocionaram tanto que até chorei. Talvez quando você foi assistir…não estava compenetrado na peça. NO dia que fui a plateia aplaudiu em pé, durante o espetaculo pareceu-me que todos estavam vivendo dentro daquele quarto que inspirava a solidão e a tristeza de não se encontrar em lugar algum. O Davi só tem 22 anos mas mostrou o seu dom poético e artistico.
Maurício Mellone
março 17, 2011 @ 14:33
Renata:
Que bom que há discordância; o ditado diz que a unanimidade é burra.
Só um aparte: estava muito compenetrado na peça, tanto que fui para trabalhar, ou seja,
para escrever a resenha. O Davi tem problema de dicção e articulação (no dia em que
assisti ao espetáculo, ele errou diversas vezes suas falas e em outras ocasiões
articulou de tal forma q não se conseguia entender o belo texto do Caio).
Mas ele por ser novo, tem muito o que aprender. Torço para que ele venha
nos presentear numa próxima oportunidade com um belo trabalho de interpretação.
Abr e obrigado pela seu comentário. Venha sempre me visitar e não fique chateada comigo por
discordarmos sobre Lixo e Purpurina.