O outono de 1970: romance de estreia da jornalista Heloísa Miguel

De em julho 25, 2023

 

Heloísa Miguel escreve sobre a saga de 2 famílias do interior paulista durante a ditadura militar

 

 

Jornalista, assessora de imprensa e autora de livros técnicos, Heloísa Miguel acaba de lançar pela Caravana Grupo Editorial seu primeiro romance, O outono de 1970. Com uma linguagem simples, direta e envolvente, a autora descreve a saga de duas famílias, moradoras de uma pequena cidade do interior paulista, em plena ditadura militar. O inusitado é que a trama é narrada por Glorinha, uma garota de apenas 10 anos, que vê tanto seu mundo pessoal e familiar como o país em que vive sofrer alterações significativas, que irão modificar o seu modo de enxergar o mundo. Ela é, como atesta os editores na orelha do livro, “empurrada para fora da infância”.

 

“O romance de Heloísa Miguel nos traz a força feminina e feminista, sem proselitismo, carregada de reflexão e esperança”, afirma o editor Leonardo Costaneto.

 

 

 

 

 

 

 

Jornalista, Heloísa Miguel estreia na literatura

 

 

 

A obra de 293 páginas é dividida em duas partes; a primeira, com 12 capítulos, é dedicada ao cotidiano das duas famílias vizinhas, a de Glorinha, com suas duas irmãs e os pais que vivem em constantes atritos, e a de Demétrio, que vive com o pai Vicente e a encantadora tia Darcy. Já a segunda parte, com 11 capítulos, é praticamente sobre as profundas transformações na vida da garota, desde a mudança física com a chegada da primeira menstruação até perdas, separações e a tomada de consciência que a infância ficou para trás!

 

 

 

 

 

 

 

Como a trama é contada sob o olhar de uma menina, a linguagem é clara e direta. No entanto, o que mais chama a atenção no estilo de Heloísa Miguel é a forma sutil de mudança do tempo narrativo: dos acontecimentos do presente, o outono de 1970 na cidadezinha do interior, para o passado por meio das histórias de vida dos personagens que rodeiam Glorinha, como tia Darcy, seu Vicente (pai de Demétrio), e os pais Malu e Orlando. Num vai e vem envolvente, o leitor vai construindo o quebra cabeça do mundo real e psicológico daqueles personagens.

 

 

 

 

 

Rio Paraguaçu banha a cidade da trama

 

O momento histórico em que se passa a história é o auge da ditadura militar brasileira. Num mundo sem internet, celular e avanços tecnológicos dos dias atuais, as pequenas cidades espalhadas por este imenso país tinham pouca noção da violenta e truculenta gestão dos militares na época. Tanto que o avô e o pai de Glorinha foram brutalmente surpreendidos com a emboscada de alguns militares no sítio em que moravam: os invasores estavam à procura de Toninho, tio da menina, que era sindicalista e naturalmente de oposição aos golpistas. Pai e filho são torturados e o sítio totalmente violado pelos meganhas/milicos.

 

 

 

 

 

A forma como a autora descreve o modo de vida das mulheres da época também merece destaque. Em plena ditadura e numa sociedade machista e autoritária, as mulheres da vida de Glorinha, ao contrário do que se possa imaginar, são fortes, independentes sem deixar de serem afetuosas e sensíveis. Tia Darcy não se casou, mas cuidou das irmãs e do sítio da família; quando foi preciso, alterou seu cotidiano de maneira radical para cuidar do sobrinho que acabara de ficar órfão. Da mesma forma Malu, mãe de Glorinha, mesmo sofrendo com a oposição do marido machista, não abandonou seus sonhos e criou suas filhas graças ao elegante ateliê de costura que edificou no quintal de sua casa. Sem levantar bandeiras, a autora mostra a força da mulher, que mesmo sob circunstâncias opressoras consegue romper barreiras para se colocar na sociedade:

 

 

 

 

“As histórias narradas no livro podem se assemelhar às dos leitores, pois são recheadas de traumas, dores, mas também com aquela dose de esperança sem a qual não se vai adiante”, confessa Heloísa Miguel.

 

 

 

 

História envolvente que provoca reflexões, tanto sobre os acontecimentos históricos vividos pelo país (a ditadura militar dos anos 1960) quanto questões sociais e de costumes. Bela estreia da jornalista/escritora paulista.

 

 

 

 

Ficha técnica:
Título: O outono de 1970
Autor: Heloísa Miguel
Editora: Caravana, 293 pgs
Preço: R$ 60

 

 

 

 

Fotos: divulgação


4 Comentários

Demétrio Brocca

julho 29, 2023 @ 20:16

Resposta

É emocionante, realizador e pleno, poder viver e participar do sucesso de dois grandes amigos. De um lado, a escritora Heloísa Miguel. Do outro, o jornalista Maurício Mellone, proprietário do “Favo do Mellone”. Somos amigos desde a infância e o orgulho, neste momento, é revigorante. Parabéns Heloísa, parabéns Maurício. De alma lavada e com o coração aquecido, agradeço a Deus pela nossa amizade. Deusbençoe vocês! -Demétrio Brocca –

Maurício Mellone

julho 30, 2023 @ 11:06

Resposta

Demétrio:
Muito obrigado!
Que bom q vc gostou do livro da Heloísa, que tem um
personagem com seu nome!
Procurei aguçar a curiosidade e a vontade de quem ler a
resenha para ir conhecer a obra da autora.
Fico feliz com sua visita e seu carinho
Beijos, querido!

Adriana

julho 25, 2023 @ 13:33

Resposta

Um romance que já chega cativando as pessoas pelo enredo. Sério candidato para ser minha próxima leitura. Maravilhoso, querido!!

Maurício Mellone

julho 25, 2023 @ 15:43

Resposta

Adriana,
q bom q curtiu a resenha.
Ela é uma escritora estreante e de grande talento.
Vc, uma leitora voraz, vai curtir as histórias narradas
por uma garotinha q viveu numa época q vc nem tinha nascido! rsrsr
Beijos e obrigado pela presença constante por aqui!

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