Salvar o Fogo: novo romance do premiado escritor Itamar Vieira Junior

De em agosto 8, 2023

Segundo romance do autor baiano narra a saga de uma família de trabalhadores rurais

 

 

 

Depois de consagrado pelo público e pela crítica com seu romance de estreia, Torto Arado/2019 — publicado em mais de 20 países —, o escritor baiano Itamar Rangel Vieira Junior está de volta. Acabou de lançar pela editora Todavia  Salvar o Fogo, romance épico e lírico que narra a saga de uma família de trabalhadores rurais de um pequeno povoado às margens do rio Paraguaçu, do interior da Bahia.  A história se desenvolve por meio de Luzia, uma mulher que enfrenta todo tipo de injustiças e preconceito das pessoas do povoado, formado por agricultores, pescadores e ceramistas de origem afro-indígena, todos subjugados pelo poder da igreja católica, dona de um imenso mosteiro.

 

 

Com uma linguagem que atrai o leitor desde as primeiras linhas, o escritor (que viveu a adolescência em Pernambuco) mescla as experiências íntimas dos personagens com traços e questões sociais do país, como a luta pela posse da terra, racismo e abuso das elites religiosas e políticas.

 

 

 

 

 

 

Itamar Vieira Junior no rio Paraguaçu

 

 

 

 

Graduado, mestre e doutor em Geografia pela UFBA (Universidade Federal da Bahia), Itamar Vieira Junior já recebeu os mais importantes prêmios literários, como Leya, Oceanos e Jabuti e é autor também de contos, alguns deles reunidos em Doramar ou a Odisseia/2021.

 

 

Como no romance de estreia que tinha como protagonistas as irmãs Bibiana e Belonísia, descendentes de trabalhadores quilombolas, em Salvar o Fogo o autor dá voz a Luzia e seus familiares, descendentes de indígenas e negros. Em depoimento ao canal Arte 1, do You Tube, o escritor fala sobre o livro:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Esta história surgiu enquanto escrevia Torto Arado. São histórias de relação de poder que não necessariamente estão nas mãos de um único fazendeiro; aqui estamos pensando no papel institucional e político da igreja, detentora de bens e imóveis como fazendas”, diz Itamar Vieira Junior.

 

 

 

 

 

A obra é dividida em  quatro capítulos, A vingança tupinambá, Luzia do Paraguaçu, Manaíba e A alma selvagem. No primeiro o protagonismo é de Miosés, que vive com o pai Mundinho e a irmã Luzia. A história é narrada em primeira pessoa, do ponto de vista do garoto, desde seu nascimento, passando pela adolescência quando deixa o povoado até sua fase adulta quando foi convocado a voltar para casa. Já o segundo capítulo é conduzido por Luzia, a filha de Mundinho e Alzira que permaneceu na Tapera, ao contrário dos irmãos que foram em busca de alternativas fora de lá. Ela cuida da casa, ampara o pai, é a lavadeira do Mosteiro e sofre com as maledicências do povo.  Em Manaíba, a história passa a ser narrada por Mariinha ou Maria Cabocla: por causa de um acidente, todos os filhos precisam voltar para casa e ela conta como é esta experiência, já que desde a adolescência vive fora. No último capítulo há o narrador em terceira pessoa, que relata os desfechos das histórias e os delírios e sonhos dos personagens.

 

 

 

 

 

 

Com uma narrativa ágil, num movimento de idas e vindas no tempo, o leitor fica preso à trama e aos poucos vai construindo o quebra cabeça da história; se alguma informação ficou solta, até o final tudo se encaixa, graças à maestria narrativa do escritor.  A trama, além dos fatos íntimos, dos segredos e dos silêncios dos personagens, é entrecortada com questões ainda traumáticas para o Brasil, como a luta pela posse da terra, o racismo e a exclusão social.

 

 

 

 

 

“Estas histórias falam dos silêncios impostos pelas instituições ou pelas relações familiares. São histórias de populações que foram silenciadas. Na literatura a gente pode acessar os pensamentos e a vida interior, pode colocar esta contraposição entre o silêncio e toda esta explosão de vida que há dentro da gente. A partir os personagens que estão em suas jornadas individuais, eu também estou querendo conhecer uma história coletiva, que pertence a todos”, conclui o escritor.

 

 

 

 

 

 

Ficha técnica:
Título: Salvar o Fogo
Autor: Itamar Vieira Junior
Editora: Todavia, 318 pgs
Preço: R$ 76,90

 

 

 

 

 

Fotos: divulgação


2 Comentários

Sueli Zola

agosto 9, 2023 @ 09:50

Resposta

Gostei muito da resenha, Maurício! Ainda não li, mas deu vontade de ler já!

Maurício Mellone

agosto 9, 2023 @ 14:17

Resposta

Su, minha querida:
Que delícia receber seu comentário;
particularmente nesta resenha fiquei com a
impressão de não ter conseguido passar a grandeza
da obra do Itamar, um mestre na arte da narrativa.
Se vc gostou de Torto Arado, vai se emocionar
com as histórias de Luzia do Paraguaçu, uma mulher
de origem afro-indígena que sofre de injustiças e
preconceito.
Beijos, obrigado pela visita.
Saudades, amiga!

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