Erva Brava: contos de Paulliny Tort retratam universo do Centro-Oeste

De em setembro 15, 2022

Lançado pela Editora Fósforo, livro de Paulliny Tort traz 12 histórias ambientadas no cerrado

 

 

 

Nascida em Brasília, a escritora Paulliny Tort estreou na literatura em 2016 com o romance Allegro ma non troppo/Oito e Meio e no ano passado lançou pela Editora Fósforo seu primeiro livro de contos, Erva Brava.

 

A obra traz 12 histórias ambientadas na fictícia cidade de Buriti Pequeno, localizada em Goiás, em pleno cerrado brasileiro. As tramas são independentes, mas podem ser lidas como peças de um grande quebra-cabeça, que emolduram um romance que retrata o universo do Centro-Oeste do país nos dias atuais.

 

 

Há desde o retrato ainda arraigado na sociedade das relações patriarcais entre um casal (O cabelo das almas), a monocultura da soja que devasta o cerrado (Má sorte), a violência doméstica e o machismo (Mandiocal), especulação imobiliária (O cabelo das almas), até enredos mergulhados em misticismo e religiosidade (Santíssima e O mal no fundo do mar), humor e ironia sutil (A mulher do pombo), o embate entre modernidade e tradição (Ternura e crack e Como nascem os sinos), as festas populares (Titan 125) e o conto final (Rios Voadores) que trata da resposta da natureza diante da ação predatória do homem ao meio ambiente.

 

 

 

Paulliny Tort estreou com o romance Allegro ma non troppo

 

 

Além de ambientar as tramas na região central do Brasil, o que é pouco usual ou até raro de se ver na literatura nacional, Paulliny Tort inova também na forma, principalmente na maneira de apresentar os diálogos. Ao eliminar os travessões e o uso tradicional de verbos dicendi — verbos do discurso direto que indicam a fala dos personagens —, a autora introduz os diálogos de maneira direta, por meio do narrador:

 

 

 

 

 

Com beiço pendurado, Rita se sacode: se dá tanto valor às terras que conquistou, por que vendeu o Ranchão bom onde a gente morava? Chico se impacienta, bate com a vara no lombo do cavalo, que dá dois trotes rápidos e cai em seguida no cansaço de antes. Ô Rita, o Sebastião nasceu e vai morrer rendeiro.”

 

 

 

Itamar Vieira Junior apresenta a obra

 

 

 

A orelha do livro é assinada pelo premiado escritor baiano Itamar Vieira Junior, autor de Torto Arado e Doramar ou a Odisseia, que afirma que as histórias de Paulliny escancaram as contradições do Brasil contemporâneo:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“A especulação imobiliária, o agronegócio, a criminalidade, a política e a condição da mulher e os conflitos entre tradição e modernidade emergem organicamente à medida que nos aprofundamos nesta breve jornada rumo ao desconhecido. Encontramos o cenário por onde passeiam as personagens que transbordam humanidade e o Brasil e as dramáticas transformações sociais e econômicas das últimas décadas”, argumenta Itamar Vieira Junior.

 

 

 

Com enredos concisos e uma linguagem direta, sem rodeios, Paulliny Tort envolve o leitor desde as primeiras linhas. Uma característica de sua escrita que me chamou a atenção é que o título do conto aparece de forma especial e marcante no desenrolar da narrativa; não há, por sua vez, entre as 12 histórias, uma com o título do livro, mas em uma delas a erva brava tem uma importância vital para o desfecho da trama. Outro atrativo do livro é o último conto: além de tema atual (inundação) e sem adiantar nada ou dar spoiler, a escritora cria uma cumplicidade com o leitor:

 

“E somente nós, eu e você, saberemos….”

 

Ficou curioso? Não deixe de ler Erva Brava e acompanhar a obra desta jovem e criativa escritora.

 

 

 

 

Ficha técnica:
Título: Erva Brava
Autor: Paulliny Tort
Editora: Fósforo
Página: 104
Preço: R$ 54,90

 

 

Fotos: divulgação


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