De Maurício Mellone em dezembro 7, 2022
Inaugurada na semana passada no MEPE- Museu do Estado de Pernambuco, a mostra Ocupação Paulo Freire presta uma homenagem ao pensador e educador pernambucano. São mais de 140 peças, entre fotografias, vídeos, manuscritos e livros, que remontam a vida e a carreira de Paulo Freire.
O projeto, uma iniciativa do Itaú Cultural, esteve em cartaz em São Paulo para marcar o centenário de nascimento de Paulo Freire (1921/1997). A exposição que chega ao Recife, cidade natal do educador, está distribuída em quatro eixos: Formação e infância, Angicos/RN – a experiência de alfabetização de adultos, Exílio durante a ditadura militar brasileira e o Retorno ao Brasil, com sua passagem pela secretaria de educação da cidade de São Paulo, na gestão de Luiza Erundina, em 1989.
O visitante logo ao entrar ao anexo Cícero Dias se depara com uma frase que define profundamente o educador Paulo Freire:
“O meu sonho fundamental é o sonho pela liberdade que me estimula a brigar pela justiça, pelo respeito ao outro, pelo respeito à diferença, pelo respeito ao direito que o outro tem e a outra tem de ser ele ou ela mesma.”
Abrindo a exposição, com o eixo Formação, há o mapa Paulo Freire pelo mundo, com projeção de textos do livro Pedagogia do Oprimido/1968, sua obra mais conhecida, além de fotos e objetos da infância dele e fotos de seus pais (Joaquim T Freire e Edeltrudes Neves Freire) e do poema Recife Sempre, que ele escreveu em 1969. O visitante também tem acesso a um vídeo em que Freire fala de sua infância e de sua inquietação diante do analfabetismo.
O segundo eixo da mostra, Angicos/RN, é dedicado à experiência que Paulo Freire desenvolveu na pequena cidade do Rio Grande do Norte em 1962 com a alfabetização de adultos, em que 300 pessoas aprenderam a ler a escrever em 40 dias. Nesta ocasião o educador aplicou o Método Paulo Freire e graças ao sucesso do projeto a experiência inspirou outras iniciativas pelo país, aplicadas no Rio de Janeiro, Acre, Santa Catarina, São Paulo e Brasília.
Neste setor da mostra há ainda documentos sobre o Plano Nacional de Alfabetização, com destaque para a ilustração de Francisco Brennand sobre a experiência em Angicos.
O terceiro eixo, Exílio, compreende os 16 anos em que Paulo Freire ficou exilado, primeiramente no Chile, onde escreveu Pedagogia do oprimido, e depois sua passagem pelos Estados Unidos e Suíça.
De 1975 a 1979, Freire atuou no Idac- Instituto de Ação Cultural e posteriormente liderou programas de educação e alfabetização em diversos países africanos, como Guiné Bissau, Cabo Verde, Angola e São Tomé e Príncipe. Além de fotos destas experiências, há documentos e o inquérito policial que provocou o exílio do educador.
Em Retorno, o quarto e último eixo da mostra retrata o período de 1980 a 1997: com a anistia, Paulo Freire volta ao Brasil e torna-se professor da PUC/SP. Em 1989, a prefeita de São Paulo Luiza Erundina o convida para a secretaria de educação. O educador lança neste período mais dois livros, Pedagogia da esperança e Pedagogia da autonomia, sua última obra.
Aos 75 anos, em 1997, Paulo Freire morre e em 2012 ele recebe o título póstumo de Patrono da Educação Brasileira. Há neste eixo farto material fotográfico, além de materiais sobre formação de educadores e projetos prevendo a melhoria das condições de trabalho dos profissionais da educação. Em vídeo, Paulo Freire fala das mudanças em seu olhar sobre o mundo e o visitante também tem acesso a manuscritos das últimas obras e canetas e lápis que ele usou (o educador escrevia seus livros a mão).
A exposição Ocupação Paulo Freire termina com vários cartazes e banners sobre a carreira do grande educador pernambucano. A exposição fica em cartaz até fevereiro, prestigie!
Roteiro:
Ocupação Paulo Freire– mostra reúne 140 peças sobre a vida e a carreira do educador pernambucano. MEPE (Museu do Estado de Pernambuco), Av. Rui Barbosa, 960, tel. 3184-3170. Horários: de terça a sexta das 9h às 17h, sábado e domingo das 14h às 17h. Ingressos: R$10 e R$5 (quarta, gratuito). Temporada: até 12 de fevereiro de 2023.
Fotos: divulgação
2 Comentários
julio cesar bonassa de oliveira
dezembro 16, 2022 @ 23:55
A educação quando não liberta o oprimido pode transforma o oprimido em opressor.
Maurício Mellone
dezembro 17, 2022 @ 10:33
Julio:
espero q tenha gostado da resenha e da mostra
sobre o educador pernambucano Paulo Freire.
Volte outras vezes, posto sempre produções
culturais em cartaz.
Abraço