De Maurício Mellone em abril 9, 2014
Depois de cinco meses de temporada carioca e ter percorrido diversas cidades, Emilio Orciollo Netto finalmente chega a sua cidade natal com o monólogo Também Queria te Dizer– cartas masculinas, que comemora seus 25 anos de carreira. Em cartaz no Teatro Eva Herz e com direção de Victor Garcia Peralta, a peça é extraída do livro da gaúcha Martha Medeiros Tudo Que Eu Queria Te Dizer e traz o depoimento de seis homens que, por meio de cartas, revelam segredos que não puderam ser ditos de viva voz.
“Ao completar 25 anos de carreira, quis me arriscar num solo. Com o livro da Martha, fiquei fascinado com as cartas masculinas e quis contá-las. O espetáculo é uma homenagem ao trabalho solitário de um artista, uma declaração de amor ao nosso ofício”, declara Emilio Orciollo Netto.
O fio condutor do espetáculo é um artista plástico que está criando uma instalação; nela ele utiliza cartas e envelopes e, num dado instante, começa a ler o conteúdo das cartas daqueles remetentes e os personagens nascem. Além do depoimento do próprio artista plástico que encerra a peça e faz uma crítica corrosiva aos críticos de arte, há mais cinco homens que, em desabafos, relatam mágoas, tristezas, medos, revoltas, alegrias e situações engraçadas.
Os seis homens têm idades diferentes, com estilos de vida bem distintos e suas confissões, declaradas em cartas e não pessoalmente, trazem culpa, traições, tragédias e segredos da vida íntima. A cada caracterização, o ator volta para o condutor da narrativa, o artista plástico.
A temporada paulistana de Também Queria te Dizer– cartas masculinas está prevista até início de junho. Destaque para o cenário de Miguel Pinto Guimarães e para a interpretação de Emilio, que transita de um personagem a outro com precisão. Senti falta de uma condução, uma ligação mais próxima entre os seis personagens; às vezes o depoimento de um remetente daquelas cartas fica solto, sem uma conexão com a proposta cênica do espetáculo.
Fotos: Lu Fregolente
2 Comentários
Imad
abril 17, 2014 @ 10:23
Oi, Mau,
O espetáculo não me arrebatou, mas tanto o ator quanto a autora em cujos textos ele se baseou para montar o monólogo têm grande valor.
Abraços!
Maurício Mellone
abril 17, 2014 @ 17:36
Imad,
registrei o que senti falta no espetáculo, a conexão mais clara entre os seis
homens que desabafam por cartas. Mas vc tem razão: a autora e o ator merecem
todo o nosso respeito.
Obrigado pela visita e participação
bjs