De Maurício Mellone em setembro 25, 2013
Depois da bem-sucedida parceria no palco de pai e filho com a peça Vermelho, Antonio e Bruno Fagundes voltam a subir no palco em nova montagem teatral. Desta vez não estão sós: em Tribos, que acaba de estrear no TUCA, eles contracenam com Eliete Cigaarini, Arieta Correa, Guilherme Magon e Maíra Dvorek. Todos fazem parte de uma família cujo caçula Billy, interpretado por Bruno, nasceu surdo e desde pequeno aprendeu a leitura labial e nunca conviveu com outros deficientes auditivos. No entanto, Billy conhece Sylvia (Arieta), que está perdendo a audição e tudo se transforma. A moça o leva para um clube frequentado por surdos e aí Billy entra em conflito com seu estilo de vida até então. Aprende a linguagem dos sinais e sua relação com os demais familiares é posta em cheque.
Com texto de Nina Raine e tradução de Rachel Ripani, a peça é composta de nove cenas, pontuadas por um grande telão no fundo do palco que também exibe falas quando os personagens se comunicam por sinais. O tema central da trama é a surdez e como melhor lidar com o deficiente auditivo. Criá-lo como qualquer outra criança, sem que frequente escolas especiais, ou ao contrário, fazer com que conviva tanto com pessoas que ouvem como com outras pessoas com deficiência.
Christopher (Antonio Fagundes) e Beth (Eliete Cigaarini) optaram por criar Billy como se fosse uma criança sem problema físico; seus irmãos Daniel (Guilherme Magon) e Ruth (Maíra Dvorek) nunca usaram a linguagem de sinais com ele. Esta aparente harmonia é rompida quando o rapaz começa a namorar e percebe que sempre viveu isolado ou no mínimo com dificuldade de integração. Inclusão é tema ignorado pela família, tanto no caso de Bruno como no de Daniel, como posteriormente o público vem a compreender.
Mais do que a surdez, Tribos discute o preconceito, egoísmo, falta de comunicação e, principalmente, o desamor entre as pessoas que vivem tão próximas umas das outras. Além de atuações emocionantes de Eliete Cigaarini e Arieta Correa, quem me chamou a atenção no espetáculo foram exatamente Bruno Fagundes e Guilherme Magon; com personagens de perfis psicológicos densos e rebuscados, os dois jovens atores estão seguros e intimamente focados em seus papéis. A cena final entre eles é tocante e sintetiza a proposta dramatúrgica da autora. Destaque ainda para a iluminação de Domingos Quintiliano e a trilha sonora de André Abujamra.
Prestigie, o espetáculo permanece em cartaz até o final do ano.
Fotos: João Caldas
4 Comentários
Guilherme Magon
setembro 28, 2013 @ 04:30
Maurício,
Obrigado pelo carinho e pelo seu olhar delicado e atento.
Volte para nos ver de novo!
E que ótimas indicações culturais que rolam por aqui.
Um grande abraço e até breve!
Maurício Mellone
setembro 30, 2013 @ 12:12
Guilherme:
Estou muito contente com seu comentário, obrigado
pelo incentivo.
Parabéns por seu trabalho e sucesso!
abr
Fábio Mráz
setembro 25, 2013 @ 19:28
Muito bom, Mauricio.
Quero muito ir ver.
=)
Maurício Mellone
setembro 26, 2013 @ 09:58
Fábio,
vá mesmo e fique atento ao trabalho de composição dos
dois atores jovens, o Bruno e o Guilherme.
Depois comente, aqui, tenho certeza q vc tb vai se surpreender com
tanto talento deles!
bjs e obrigado pela visita, sempre constante!