Viva Elis: mergulho emocionante na vida e obra da cantora

De em abril 20, 2012

O sorriso aberto e sincero, uma marca de Elis Regina

Tudo era grande na baixinha: a voz, os gestos, a emoção e a imensa musicalidade, que continua nos encantando 30 anos depois de sua partida

Nelson Motta

O público que chega ao Centro Cultural São Paulo para conferir a exposição Viva Elis é recebido com esta apresentação da cantora gaúcha; Nelson Motta além de compositor e crítico musical foi muito próximo dela e acompanhou toda a sua carreira.
“Elis não só sabia cantar vários gêneros maravilhosamente bem; sabia como ninguém escolher o que cantar. Lançou grandes compositores, reinventou grandes clássicos e criou grandes sucessos populares”, completa.

A exposição que também faz parte das comemorações dos 30 anos de fundação do CCSP é um verdadeiro mergulho da vida e obra de Elis Regina. São 200 fotos e pôsteres de todos os períodos da vida da cantora, desde os primeiros anos ao lado da família, seu início nas rádios gaúchas, sua chegada ao Rio e logo depois em São Paulo, quando estourou com Arrastão de Edu Lobo e Vinícius de Moraes, no Festival da Canção de 1965, passando pelos sucessos das décadas de 70 e 80, sua vida pessoal até chegar ao último show da carreira, Trem Azul e sua morte tão precoce. A mostra traz ainda réplicas de vestidos que Elis usou nos palcos, objetos pessoais como carteira de trabalho, histórico escolar, reportagens de todos os momentos da vida dela, toda a sua discografia e vídeos com apresentações em emissoras de TV e nos palcos pelo Brasil e pelo mundo.

“Sua voz é a de todas as canções.
Sua alma, de todos os corações.”

                                                                                                                         Gilberto Gil

Um mergulho emocional na vida e obra de Elis Regina. Foi assim que me senti ao passear pela mostra. No módulo de abertura, em formato de tenda vazada, o visitante tem a chance de acompanhar o histórico de vida da cantora ao mesmo tempo em que ouve as canções que ela interpretou naquele período. Em outros módulos, a história continua, com recortes de jornais, depoimentos das pessoas que conviveram com ela, trechos destacados de entrevistas de Elis e, o melhor, vídeos com entrevistas e apresentações dela em emissoras de TV e em shows (o visitante pode ler e com os fones ouvi-la). Nestes módulos em que há os vídeos, o que é apresentado segue uma cronologia, com as fases da carreira de Elis, os primeiros sucessos da década de 60, seguindo pela década de 70 e os grandes e marcantes shows (como Falso Brilhante de 1976, que permaneceu por mais de um ano em cartaz no Teatro Bandeirantes, em São Paulo) e seus últimos shows e sucessos, como Trem Azul.

Elis no show Trem Azul, último de sua carreira

No coração da mostra talvez o maior tesouro: painéis com toda a discografia da cantora: as capas dos LPs originais expostos e ao sentar o visitante tem um monitor, onde pode acessar o álbum, ler os encartes e as reportagens e críticas àquele trabalho, além de ouvir todas as canções gravadas.
A emoção continua: ao deixar os álbuns, o visitante se depara com uma grande instalação em formato de caracol; este corredor é formado de losangos espelhados que terminam numa sala de exibição. Lá, novo vídeo, com cenas da cantora e o poema premonitório na voz de Elis:

 

Agora retiram de mim a cobertura de carne,
escorrem todo o sangue, afinam os ossos em fios luminosos
– e aí estou pelo salão, pelas casas, pelas cidades, parecida comigo.
Um rascunho.
Uma forma nebulosa, feita de luz e sombra.
Como uma estrela.
Agora eu sou uma estrela.”

 

 

O vídeo se encerra com ela interpretando a canção de Gilberto Gil, Se eu quiser falar com Deus.
Finalizando, há um grande painel cronológico: acima os fatos históricos e abaixo os acontecimentos da vida de Elis Regina. O texto final fica a cargo de Caetano Veloso:
“Elis influenciou gerações de cantores, lançou multidões de autores. Quem entende de música no mundo sabe que Elis Regina é uma das maiores que já houve”.
A exposição Viva Elis permanece em cartas no CCSP até 20 de maio. Imperdível aos fãs da cantora e a todos os admiradores da canção brasileira. Fique com um aperitivo da mostra: Elis a capela interpretando Se eu quiser falar com Deus:

 

http://www.youtube.com/watch?v=tWuQc7W0O-A[/embed]

 

Fotos: divulgação

 


10 Comentários

Paulo Ursula

maio 14, 2012 @ 20:14

Resposta

Maurício

Primeiro quero elogiar o excelente trabalho por vc realizado. Fiquei contente em saber que podemos contar com um espaço na net dedicado a informação de qualidade, sobre os mais variados eventos culturais. Também quero aproveitar o espaço para lhe fazer um pedido: Publique mais sobre cinema. Eu, particularmente, gostaria de ler (mais)suas considerações, dicas e críticas sobre a 7º arte.

Continue firme com este belo trabalho!!!

Maurício Mellone

maio 14, 2012 @ 21:31

Resposta

Paulo,
obrigado pelos elogios! Minha intenção é esta mesmo: trazer informações e dicas da
produção cultural da cidade de São Paulo.
Procuro mesclar teatro, cinema, música, literatura, artes plásticas.
E o cinema estará sempre presente por aqui (hoje mesmo postei uma resenha
sobre um filme q estreou no final de semana, O Exótico Hotel Marigold)
Obrigado e volte sempre!
abr

Luiz Carlos Líbano

abril 25, 2012 @ 03:19

Resposta

Oi, Mau, tô me preparando para ver a tão comentada exposição. Vi a Elis no palco, pela primeira vez, no “Falso brilhante” e pirei de emoção, pois nunca tinha visto uma artista tão carismática e inteira no palco feito ela. Depois outros show rolaram e o fã-zão Luiz tava lá , perto da boca de cena, babando e aplaudindo, até a despedida no inesquecivel ‘Trem azul’. Que bom poder ler uma homenagem tão pungente vinda de você um jornalista antenado e sensível. Abração.
Luiz.

Maurício Mellone

abril 25, 2012 @ 17:37

Resposta

Luiz:
Obrigado pelos elogios e pela força!
Também assisti ao Falso Brilhante (mais de uma vez, já que morava perto do
Bandeirantes) e acompanhei de perto a carreira da Elis.
Mesmo não sendo uma mostra de grandes dimensões, Viva Elis agrada aos fãs e
àqueles que não a conheceram, uma vez que toda a sua obra discográfica está lá!
bjs

Luiz Líbano

abril 24, 2012 @ 14:33

Resposta

Maurício,
Como sou fã incondicional da Elis, achei que a sua resenha reforçou o meu interesse em ver a tão comentada exposição; sua resenha ficou convidativa, muito boa mesmo e a foto que você postou da ‘Pimentinha’ ficou maravilhosa. Parabéns!
abr
Luiz

Maurício Mellone

abril 24, 2012 @ 14:46

Resposta

Luiz:
Obrigado pelos elogios: meu texto fluiu em compasso da emoção
que senti ao percorrer a mostra dedicada aos 30 anos sem Elis.
Vc, fã incondicional, não pode deixar de conferir, mas vá ao CCSP
com tempo para poder se deliciar com toda a obra da cantora gaúcha!
bjs

Joseval de Freitas Duarte

abril 23, 2012 @ 22:10

Resposta

Estive na exposição da Elis é muito emocionante.
Foi um mergulho numa história fascinante, que voz incrível, saudade imensa!

Maurício Mellone

abril 24, 2012 @ 14:48

Resposta

Joseval:
Também senti o mesmo que vc: saudade daquele vigor
e talento!
Volte sempre, obrigado pela visita!
abr

Dirceu Cateck

abril 20, 2012 @ 20:38

Resposta

Cara, fiquei emocionado apenas lendo tuas palavras. Adoraria estar no Brasil para ver essa exposição.
Tenho 35 anos e escuto Elis desde pequeno. Costumava dizer que era o fã número 1 dela, na época adolescente. Era muita pretensão, não? Elis continua realmente brilhando como uma estrela e conquistando fãs pelo mundo a fora.
É sempre bom passar por aqui. Grande abraço!

Maurício Mellone

abril 23, 2012 @ 20:48

Resposta

Dirceu:
Obrigado pelos elogios! Fico muito contente
de vc mesmo morando na Europa visitar meu blog e
gostar do que lê!
E sobre a Elis, a mostra é emocionante mesmo!
Não assisti ao show da Maria Rita (não veio a Sampa ainda),
mas dizem está muito bem produzido e à altura da mãe deles
(além da Maria, o João Marcelo é o idealizador do projeto)
abrs e não se esqueça de me avisar sobre seu próximo livro!

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