Peça: As duas mortes de Roger Casement, foto 1

As duas mortes de Roger Casement: um precursor dos direitos humanos

De em abril 12, 2019

Peça: As duas mortes de Roger Casement, foto 1

Elenco: Anna Toledo, Bruno Perillo, Chico Cardoso, Eliseu Paranhos, George Passos, Kiko Pissolato, Paulo Bordhin e Taiguara Nazareth

Depois de cumprir uma temporada em 2016 e de ter se apresentado na Irlanda, o espetáculo As duas mortes de Roger Casement, com texto e direção de Domingos Nunez, está de volta à cidade, no Viga Espaço Cênico. Definida pelo autor como teatro documentário musical, a peça, em dois atos bem distintos, procura resgatar a vida do cônsul britânico Roger Casement, considerado um dos precursores dos direitos humanos. No primeiro ato, a trama remonta a luta de Casement em favor dos negros do Congo Belga e dos índios da Amazônia, expedições que ele liderou no final do século XIX e início do século XX. Já o segundo ato, em tom carnavalesco, traz os relatos de Casement sobre suas experiências homoafetivas e seus supostos casos de pedofilia.

 

 

Bruno Perillo dá vida ao cônsul britânico e o espetáculo começa com ele preso e lembrando-se das expedições que liderou tanto na África como na Amazônia, com suas investigações e relatos de abusos e exploração contra os nativos, forçados a coletar borracha. Sua prisão se deu, anos depois, em razão de seu envolvimento na luta pela independência da Irlanda, o que lhe rendeu a acusação de traição pela justiça britânica.

 

 

Peça: As duas mortes de Roger Casement, foto 2

Kiko Pissolato interpreta o carcereiro de Casement (Bruno Perillo)

 

Na montagem, Casement recebe na prisão a visita de sua amiga Alice Milligan, interpretada por Anna Toledo, que tinha visões e poderes sensitivos. Ela o ajuda a reconstituir sua história de vida: com os efeitos de luz e música, o espectador tem conhecimento dos feitos heroicos do cônsul, que protegia e defendia os trabalhadores explorados.

 

A pesquisa para criação da peça se valeu de documentos dispersos sobre história de Casement e pelos diários que ele mesmo escreveu, os conhecidos Diários Brancos sobre as expedições e os Diários Negros (de autenticidade contestada) em que há os relatos das aventuras homoafetivas e supostos casos de pedofilia do cônsul britânico.

 

 

Com uma cenografia criativa, que é manipulada pelo elenco, a montagem tem uma mudança radical de um ato para o outro; se no primeiro o tom é sério e circunspecto devido às investigações de Casement sobre a exploração aos trabalhadores da extração da borracha, o segundo é festivo, já que reproduz as aventuras amorosas do cônsul. Com um elenco afinado — destaque para a atuação de Bruno Perillo, Paulo Bordhin, Anna Toledo, Kiko Pissolato e Taiguara Nazareth, o espetáculo cumpre a missão de resgate de um pioneiro na luta pelos direitos humanos. O único senão fica para a duração da peça, que poderia ser mais concisa.

 

 

 

 

 

Peça: As duas mortes de Roger Casement, foto 3

Perillo: destaque como o cônsul britânico

 

 


Roteiro:
As duas mortes de Roger Casement. Texto e direção: Domingos Nunez. Elenco: Anna Toledo, Bruno Perillo, Chico Cardoso, Eliseu Paranhos, George Passos, Kiko Pissolato, Paulo Bordhin e Taiguara Nazareth. Piano: Demian Pinto. Composição musical: Alberto Heller. Letras: Domingos Nunez. Direção musical: Eliseu Paranhos. Cenografia e figurinos: Cássio Brasil. Iluminação: Aline Santini. Fotografia: Leekyung Kim. Programação Visual: Francine Kunghel. Operação de luz: Gabriele Souza. Produção: Beatriz Kopschitz Bastos. Realização: Cia Ludens.
Serviço: Viga Espaço Cênico (73 lugares),Rua Capote Valente, 1323, tel. 11 3801-1843. Horários: quarta e quinta às 20h30. Ingressos: R$ 40. Bilheteria: uma hora antes do espetáculo. Duração: 100 min. Classificação: 14 anos. Temporada: até 30 de maio.


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