Ajuste de contas entre mãe e filho em Conversando com Mamãe

De em setembro 8, 2011

Beatriz Segall e Herson Capri como de mãe e filho na peça de Santiago Carlos Oves

Sempre se fala que nós brasileiros olhamos pouco para nossos vizinhos da América do Sul. No entanto, cada vez mais produções culturais dos países vizinhos chegam até nós e, invariavelmente, fazem muito sucesso. Filmes da Argentina e do Uruguai já são bem conhecidos dos brasileiros. E agora o teatro desses países também começa a ser encenado por aqui. É o caso de Conversando com Mamãe, peça do argentino Santiago Carlos Oves, que a diretora Susana Garcia tomou conhecimento primeiramente na versão cinematográfica e resolveu montá-la no Brasil. Com a versão do dramaturgo espanhol Jordí Galcerán e tradução de Pedro Freire, a peça chega a São Paulo (em cartaz no Teatro Folha até dezembro) depois de temporada de êxito entre os cariocas, com atuação brilhante de Beatriz Segall e Herson Capri.

Beatriz e Capri: elegância e vigor em cena

Como uma mãe reage ao pedido do filho que quer vender o apartamento onde ela vive para resolver suas dificuldades financeiras? Esse é o mote inicial de Conversando com Mamãe, mas a trama proposta pelo autor é mais profunda. Em função da crise emocional e profissional em que se encontra — acaba de perder o emprego e seu casamento não anda bem das pernas — Jaime vê como solução de seus problemas a venda do apartamento em que sua mãe vive. No entanto, com a sabedoria que a vida lhe deu, a mãe nem ao menos cogita na possibilidade de deixar o apartamento; sabe que o problema do filho é a falta de amor em sua vida (sem subterfúgio, ela pergunta se o filho faz sexo com a mulher e ele não tem como negar: há muito tempo eles não se amam!).
Aos poucos, um encontro que deveria ser formal e frio, se transforma: mesmo que seja no final da vida da mãe, eles conseguem romper a barreira que os separavam e passam a se conhecer de verdade. Jaime fica sabendo que o casamento dos pais não era um mar de rosas (a vizinha era amante do pai) e que a mãe há dois anos tem um namorado. Com sutileza, a mãe ensina ao filho que mais do que valores materiais, o afeto e o amor é que fazem a diferença nessa vida. Bem articulado, o texto traz surpresas e nuances que fazem com que o público se identifique de imediato com os personagens.
Desbocada desde o início, a mãe, em composição primorosa de Beatriz Segall, mostra como é possível a transformação íntima: “Essa mãe foi muito simplória e entregue ao marido, mas evoluiu e se tornou independente; embora não seja culta, é observadora. Na conversa entre eles, ambos têm personalidade forte, se amam, brigam, mas conseguem se entender”, explica a atriz. Por sua vez, Jaime, a partir da conversa com a mãe, revê seus valores e dá uma guinada de 360º na vida. Emocionante a transformação do personagem!
Destaque ainda para o figurino de Kalma Murtinho (as roupas com que os personagens se apresentam de um ato para o outro contribuem para o desenlace da trama), o cenário de Marcos Flaksman e a iluminação de Paulo César Medeiros.

Fotos: Paula Kossatz


2 Comentários

Andrêssa Batelochio

setembro 8, 2011 @ 17:35

Resposta

Ótima dica. Vou me programar.

Maurício Mellone

setembro 9, 2011 @ 14:32

Resposta

Andrêssa:
Td bem? Adorei sua visita! Depois diga a sua opinião!
bjs

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