Grávido: esquetes divertidos sobre como ser pai nos dias de hoje

De em abril 24, 2012

Marcelo Laham e Fábio Herford: esquete sobre como dar banho no bebê

Com um início eletrizante (profusão de luzes e sons), numa espécie de caixa o ator se debate, imitando os movimentos de um feto.
Nasceu e agora?
Engana-se quem imagina que o nascimento encenado no palco se refere a uma criança. Não, quem acaba de nascer é o PAI!
É desta forma que a peça Grávido- a comédia do pai moderno, em cartaz no Teatro Cleyde Yáconis, dá o pontapé inicial numa sequência de esquetes hilários sobre a revolução emocional que o homem vive a partir do momento que sabe da gravidez da esposa. Dirigida por uma mulher, Alexandra Golik, mas composta por três homens (Marcelo Laham, Fábio Herford e Gustavo Kurlat), a comédia mostra as diversas situações que o homem vive durante a gravidez, desde a notícia (que pode provocar diferentes reações), as dificuldades de lidar com as emoções da mulher durante este período, a sua total incapacidade diante de tarefas domésticas até seu encantamento com a criança que cresce e passa a compartilhar a vida com ele. Do riso solto à emoção profunda, a peça fala da “imensidão do amor, assunto que não sai de moda e toca a todo o mundo”, de acordo com a diretora.
No palco, dois dos autores — Marcelo Laham que tem um garoto de quase três anos e Fábio Herford, pai de uma garotinha — protagonizam todos os esquetes sobre a condição de ser pai nos dias de hoje. E há muitas diferenças: além da tecnologia (a cena da babá eletrônica não deixa ninguém na plateia sem dar boas gargalhadas), o homem atualmente é mais participativo na criação dos filhos, o que não ocorria nos tempos dos nossos avós. O que o texto enfatiza é que não só a mulher passa pela difícil tarefa de gerar uma criança: o pai também sofre, tem dúvidas, angústias, alegrias, medos e satisfação pela condição de colocar um ser no mundo. Estão como as companheiras, grávidos:

 

Contar o que acontece na vida do homem com a gravidez cria um contexto muito propício tanto para uma crítica quanto para uma autoavaliação de toda a situação, fazendo com que o espetáculo seja ao mesmo tempo bem divertido, mas cheio de ternura e poesia”, explica Alexandra Golik.

 

Um grande facilitador da conexão entre os esquetes é o cenário de Marco Lima: uma estrutura transparente, como um tapume, que se movimenta e forma desde um quadrado até uma parede divisória; nesta estrutura são projetadas imagens que ligam e complementam as cenas. A iluminação de Wagner Freire também é outra grande aliada para a concepção cênica da direção. Destaque também para a trilha sonora, assinada por Gustavo Kurlat, o terceiro autor da peça, que contou com a participação especial de Ronnie Von na interpretação da canção que encerra a peça, Até parece.

Marcelo e Fábio como bebês num universo bem particular e hilário

Fico sempre num dilema em ir a estreias de espetáculos: a adrenalina de toda a equipe no primeiro dia pode ser benéfica para o resultado final e pequenos erros passam despercebidos; por outro lado, há espetáculos que necessitam do contato com o público para que tudo se encaixe e saia tudo bem. A comédia precisa ainda mais desta troca palco/ plateia, há o tempo exato da piada e, às vezes, na estreia há ainda um descompasso entre o texto cômico dito e a receptividade dos espectadores. Foi exatamente isto o que senti em Grávido: em algumas cenas não houve a interação desejada entre ator e público. No entanto, Marcelo Laham na maioria de seus esquetes tem a plateia em suas mãos, com pleno domínio em cena.

Fotos: João Caldas


4 Comentários

Alexandra Golik

abril 27, 2012 @ 17:46

Resposta

Mauricio,

Obrigada pela crítica. É sempre muito importante termos um feed back das pessoas, principalmente de pessoas como você que tanto apreciam o teatro. “Grávido” tem um longo caminho pela frente, e acho que do pouco que fizemos até agora, tivemos um retorno maravilhoso. No entanto, continuaremos sempre atentos a não acharmos que “já ganhamos” por que teatro é uma coisa mutante: um dia pode ser hilário e no outro pode ser péssimo, por isso o cuidado que temos que ter para manter o espetáculo sempre nos trincks. Obrigada mais uma vez e espero que muitos dos seus leitores venham nos vassistir!

Um beijo grande

Alexandra Golik

Maurício Mellone

abril 27, 2012 @ 17:58

Resposta

Alexandra:
Fico muito contente em saber que gostou do que escrevi sobre a peça dirigida
por vc! E é isso memo, Grávido só começou, terá longa e bem-sucedida temporada!
Parabéns e eu tb torço para que o meus leitores se entusiasmem com a resenha e
corram para o teatro conferir!
bejos

Marco

abril 26, 2012 @ 18:11

Resposta

OI Maurício, li e adorei o que vc escreveu. Tudo é muito pertinente e concordo com suas observações finais e tudo irá ficar amaciado com a presença do público. Como diz a Alexandra Golik, no processo de ensaio de uma comédia, chega um momento em que a platéia se faz fundamental para que tudo fique azeitado. E dos ensaios abertos para cá eles cresceram muito, e é um prazer ver o amadurecimento do jogo cênico travado entre eles e a platéia.
Obrigado por suas palavras e fica aqui um abraço em nome de todos.

Maurício Mellone

abril 27, 2012 @ 12:32

Resposta

Marco:
Só mesmo com o decorrer da temporada
que uma comédia se ajusta, com a receptividade
e cumplicidade dos espectadores.
Grávido logo estará ‘no ponto’!
Mais uma vez, parabéns por seu trabalho: a cenografia
da peça é criativa e dinâmica!
obrigado pelos elogios ao blog.
Sucesso a todos!
abr

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