De Maurício Mellone em outubro 20, 2022
A pandemia do coronavírus causou (e ainda causa) uma infinidade de problemas para a Humanidade, que aqui não é preciso mencionar. Mas, por outro lado, o fato de as pessoas serem obrigadas a se isolar, provocou profundas transformações íntimas e muitos artistas aproveitaram o fato para aguçar a criatividade e produzir suas obras.
É o caso do jornalista e escritor paulista Zedu Lima, que depois de ter escrito quatro livros de contos, crônicas e relatos jornalísticos acaba de lançar, pela Soul Editora, seu primeiro livro de poemas, Ecos de uma plateia ausente. O livro traz 42 poesias, num projeto gráfico de Cris Spezzaferro, e uma grande novidade: em nove poemas há um QR Code em que o leitor tem acesso a vídeos com a interpretação de Rica Lopes, Angelica Oliveira e o próprio autor, além do clipe da canção Apago tudo e me desligo, em que Otto Hartung musicou o poema de Zedu.
O momento da criação das poesias era o do isolamento em razão da pandemia, em que pairava no ar muita incompreensão, tristeza e terror diante da mortandade. Obviamente todos ficamos abalados e sensíveis, o que não foi diferente para Zedu. Muitos de seus poemas refletem este estado emocional:
“Vivencio um momento ocioso
Nada acontece
Na minha teia,
nem a aranha tece.” (Nada Acontece)
“Acordo. Inerte, abro os olhos.
Um nó trava minha garganta.
Sem ânimo, o corpo se levanta.
Mais um dia de quarentena.
Quantos já foram até agora?
Uma centena?” (Pandemonia)
“A inércia da cama me levanta
e constato:
a solidez da solidão é tão concreta
que já não mais me inquieta.” (Sonho Oco)
Porém, o fato de começar a escrever e liberar seus fantasmas não só o ajudou a se reequilibrar, como produziu lindos poemas, de temas os mais variados, cheios de esperança:
“De concreto, retomar a academia,
não de samba, mas de ginástica.
Manter o corpo na primeira via
e a mente plena de fantasia.” (A vida segue)
“Que esses versos enfrentem e destratem sem dó
a atávica angústia que me ataca traiçoeiramente.”
(Poema Urgente)
“Mas a voz da esperança,
altiva, gritou bem forte:
ACORDE!
Pare de se lamentar
Se aprume e vá à luta
pois, intrépida, a vida
vencerá esta disputa.
A vida é dura, mas única,
uma, sua! (Vá à Luta)
“Pouco a pouco a tristezinha se dilui
deixando no ar um vago sorriso.” (De Mansinho)
Sempre soube do potencial criativo de Zedu Lima, um amigo antigo e colaborador do Favo. Acompanho de perto sua carreira, tive a honra de ler em primeira mão alguns de seus trabalhos e nunca duvidei de sua veia poética. Agora o grande público tem a chance de constatar este poeta que surge! Para finalizar a resenha, segue outro poema que me emociona; Sucesso meu amigo!
“São tantas as ausências
Rebordadas de saudade
Porém, sempre vai restar
um amigo
no vácuo da solidão” (No Vácuo da Solidão)
Ficha técnica:
Título: Ecos de uma plateia ausente
Autor: Zedu Lima
Editora: Soul, 78 pgs
Preço: R$ 39,90
Fotos: divulgação
6 Comentários
José Edvardo Pereira Lima (Zedu Lima)
outubro 20, 2022 @ 16:58
Maurício, eu nem sei o que dizer desse trabalho magnifico que você postou em seu blog. Sua resenha me remeteu aos momentos que, na pandemia, eu tecia sem sentir as costuras desses versos. Não era minha intenção publicá-los, mas foi mais forte, e você comprova que eu fiz bem em trazê-los ao público.
Muito obrigado meu grande amigo.
Maurício Mellone
outubro 20, 2022 @ 17:15
Zedu, querido:
Vc fez muito bem em publicar seus poemas!
Muita gente se sentiu perdido durante a
pandemia, os artistas e a ARTE nos salvaram!
Mais uma vez parabéns por seu 1º livro de poesias,
que seja o primeiro de vários!
Beijos e sucesso
Acácio Morais
outubro 20, 2022 @ 15:50
Maurício, suas resenhas assanham a nossa curiosidade para se envolver entre este e outros livros. Pelo pouco que li das poesias de Zedu Lima, também me emocionei. Desejo sucesso para vocês dois!
Maurício Mellone
outubro 20, 2022 @ 17:17
Acácio:
obrigado, com seu comentário fica a certeza:
estou no caminho certo, meu objetivo é incentivar
as pessoas a lerem, irem ao cinema, ao teatro e
aos museus!
Vá atrás do livro do Zedu, é emocionante mesmo!
Beijos, querido
Dinah Sales de Oliveira
outubro 20, 2022 @ 15:00
Maurício,
Tão bom poder resenhar também os amigos escritores/poetas, né?
Fiquei ainda com mais vontade de conhecer esse novo trabalho do Zedu.
Vou cutucá-lo pra gente se encontrar e eu trazer pra casa meu exemplar autografado.
beijos,
Dinah
Maurício Mellone
outubro 20, 2022 @ 17:19
Dinah, querida:
Faça isto, vc vai amar os poemas do Zedu.
Quero muito ler o novo livro da Deborah e
também resenhar aqui no Favo!
Beijos, saudades