Lima Barreto, ao terceiro dia: filme revê vida do escritor brasileiro

De em outubro 17, 2022

Luís Miranda interpreta o escritor Lima Barreto, que faleceu aos 41 anos

 

 

Vencedor de melhor roteiro e melhor direção de arte do festival Cine PE/21, Lima Barreto, ao terceiro dia, filme de Luiz Antonio Pilar, é inspirado na peça homônima de Luís Alberto de Abreu e faz um painel da vida do grande escritor Lima Barreto, retratando os três dias da última internação do escritor no manicômio D. Pedro II, em 1919, no Rio de Janeiro.

 

 

O lançamento do filme — em cartaz na Fundação Joaquim Nabuco — coincide com o centenário de morte do escritor carioca. O roteiro, assinado em parceria entre o diretor do filme e o autor da peça, mescla presente e passado, realidade e fantasia, com Lima Barreto refletindo sobre sua vida, sua literatura e provocando profundas reflexões filosóficas e existenciais. Luís Miranda e Sidney Santiago Kuanza vivem o escritor, na velhice e juventude, respectivamente. Completam o elenco Eduardo Silva, Orã Figueiredo, Gisele Fróes e Fernando Santana.

 

 

 

Felipe (Eduardo Silva) e Lima dividiam a mesma cela no manicômio

 

As primeiras cenas são com a chegada de Lima Barreto ao manicômio e seu encontro com Felipe, interpretado com brilhantismo por Eduardo Silva, paciente antigo do local. Neste ambiente inóspito, o estranhamento é total e o escritor começa seus questionamentos, tanto pessoais e existenciais como os sociais, políticos e estéticos.

 

A partir daí a trama começa a mesclar o presente de Lima no hospital com o escritor na juventude, quando escrevia seu maior sucesso literário, Triste fim de Policarpo Quaresma. As críticas sociais e políticas do Brasil do início do século XX, retratadas no romance, são ressaltadas no enredo do filme, com os personagens da literatura contracenando tanto com o autor na época da elaboração da obra, como com Lima já maduro e próximo da morte.

 

 

 

 

 

 

 

Orã Figueiredo na pele de Policarpo Quaresma

 

Mesmo para quem não conhece o livro, os questionamentos levantados por Policarpo Quaresma calam fundo. Impressionante a atualidade das críticas, principalmente ao modelo machista e patriarcal da sociedade brasileira, o racismo e o preconceito e a defesa da cultura nacional, que poucos anos mais tarde foi defendida pelo movimento Modernista.
Os roteiristas mostram Lima Barreto no final da vida como um homem pessimista, amargo e descrente; em suas alucinações, ele tenta confrontar-se com o seu passado, assim como com seu personagem mais famoso, Quaresma, que pode ser considerado seu alter ego.

 

 

 

 

 

Sidney Santiago e Luís Miranda vivem o escritor

 

 

As cenas em que há o confronto entre Lima velho, Lima novo e Quaresma são o ponto alto do filme, com grandes interpretações de Luís Miranda, Orã Figueiredo (Quaresma) e Sidney Santiago. Destaque também para a atuação de Fernando Santana na pele de Gregorinho, comparsa de Lima nas noitadas cariocas, e Gisele Fróes, que interpreta Adelaide, irmã de Quaresma.

 

Sem dúvida, Lima Barreto, ao terceiro dia trata de temas pungentes, que provocam profundas reflexões sobre o papel da arte e da literatura e, principalmente, sobre o sentido da vida. O filme acabou de estrear e merece ser assistido por grandes plateias; não perca.

 

 

 

 

 

Fotos: divulgação


Deixe comentário

Deixe uma sugestão

    Deixe uma sugestão

    Indique um evento

      Indique um evento

      Para sabermos que você não é um robô, responda a pergunta abaixo: